quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Que país é este ?

A administração do Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos, abdicou do direito de comprar carros de serviço, como forma de viabilizar a aquisição de novos equipamentos para o bloco operatório de neurocirurgia.
A opção dos cinco membros da Unidade Local de Saúde de Matosinhos (ULSM), que integra o Hospital Pedro Hispano, permitiu dotar aquela unidade de saúde com equipamentos que já estavam disponíveis noutros hospitais mas aqui faziam falta por minimizarem riscos nas intervenções de neurocirurgia.
Assim, em vez dos cinco carros para os administradores (que optaram por utilizar as suas próprias viaturas), no valor de €35 mil cada, o serviço de neurocirurgia do Hospital Pedro Hispano passa a ter um microscópio novo, um sistema de neuronavegação e uma broca cirúrgica de precisão, equipamentos que permitem localizar as lesões neurológicas com exactidão e fazer biópsias através de um simples furo, sempre com precisão milimétrica.
A opção de prescindir das cinco viaturas que o estatuto de Entidade Pública Empresarial permitiria comprar com verbas do orçamento da ULSM, foi consensual na administração, presidida pelo médico anestesista Nuno Morujão.
...
O equipamento que está, agora, a ser montado no bloco operatório de neurocirurgia, vai apoiar um serviço que conta com seis médicos, dois dos quais são internos, e faz 500 cirurgias por ano.
Apesar de tudo isto e da próxima entrada em funcionamento dos novos equipamentos, o Hospital Pedro Hispano não tem serviço de urgência na área da neurocirurgia.

Margarida Cardoso, Semanário Expresso, 18.08.07

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Num país onde se verificam carências deste tipo, uma vereadora "light" dá-se ao luxo de delapidar três milhões de euros em radares que, até pela sua colocação, só remotamente terão alguma influência na redução do número de acidentes. Entretanto faltam recursos onde se tem a certeza de poder salvar vidas.

Pode até acontecer que das 500 cirurgias feitas por ano no Pedro Hispano uma parte se destine a salvar vítimas de acidentes de viação mas há pessoas que continuam a não perceber que os recursos escassos têm que ser aplicados com grande ponderação.

9 comentários:

Sam disse...

Confesso que ainda nao dei a minha contribuição para o lucro dos radares, mas gostava de saber onde irão ser gastos os mais de 6 milhôes de Euros que renderam em apenas 2 meses.

F. Penim Redondo disse...

O dinheiro será provavelmente usado para:

- pagar os radares à empresa que os forneceu
- a manutenção dos mesmos
- os vencimentos das centenas de polícias municipais que têm que ser contratados para gerir a papelada

Na prática os cidadãos estão a ser forçados a pagar, do seu bolso, estes fornecimentos sem qualquer contrapartida.

Anónimo disse...

Aqui há umas semanas o Penim dizia que o radares eram um enorme fonte de receita para a CML. Até sugeriu que "a vaca leiteira" das multas ia ajudar a CML a pagar o seu buraco financeiro. Afinal agora mudou de opinião!

Que demagogia barata este post e comentário!

Parece que a inteligência parou por estes lados!

JA

F. Penim Redondo disse...

Se o ja tivesse lido o meu comentário anterior já teria percebido e evitava dizer mais este dislate.

Como disse são os cidadãos através das multas, no fundo a sociedade a sociedade, que são obrigados a esbanjar os recursos bem mais necessários noutras áreas .

Tudo isto porque para ja só os mortos em acidentes merecem atenção. Os doentes do Pedro Hispano são cidadãos de segunda.

Anónimo disse...

Mas que vai mudando de opinão conforme as semanas, lá isso vai. :-)

Ai esta tendenciazinha para a demagogia: quem foi que disse que TGV nunca, enquanto Portugal tivesse filas de espera nos hospitais?

Jaime Dias

F. Penim Redondo disse...

Para o Jaime Dias,

a sua comparação não faz sentido em primeiro lugar porque eu não me estou a candidatar a qualquer cargo.

Para além disso não estou a comparar alhos com bogalhos; se os fundamentalistas estão tão preocupados em salvar vidas então eu recomendo que o façamos da forma mais eficaz.

Anónimo disse...

Neste caso, os alhos (novos equipamentos para o bloco operatório de neurocirurgia do orçamento do Ministério da Saude) têm tudo a haver com os bugalhos (cobrança de multas por excesso de velocidade). Extraordinária limpidez de raciocínio.

Espero que esta semana assente a ideia que os radares são uma despesa e não uma receita para o estado. Porque isto de alternar opiniões por cada semana que passa torna-se cansativo.

E já agora pare de chamar fundamentalistas a pessoas que não conhece. Conhece, quanto muito, a opinião delas sobre os radares de Lisboa. Esse tipo de acusações lembram outros tempos e são a génese de outras coisas feias como por exemplo o racismo.

Jaime Dias

Anónimo disse...

O Jaime Dias pode não ser fundamentalista mas lá que faz insinuações deselegantes e a despropósito não há dúvida.

Não havia necessidade...

Anónimo disse...

Insinuações?! Eu acho que até fui bastante directo :-) Generalizar é feio.

Jaime Dias