terça-feira, 28 de outubro de 2008

Caça à multa dá 216 mil euros/dia

Correio da Manhã
27.10.2008

O Estado arrecadou 58,4 milhões de euros, entre Janeiro e Setembro deste ano, em multas do Código da Estrada, mostram os números mais recentes da Direcção-Geral do Orçamento.
As infracções praticadas pelos condutores nos primeiros nove meses do ano já renderam mais quatro milhões aos cofres do Estado do que as multas cobradas no período homólogo. Há um ano, as coimas aplicadas totalizaram os 54,4 milhões de euros, o que equivale a uma subida de sete por cento entre 2007 e 2008.
Feitas as contas, as transgressões na estrada renderam uma média de 216,3 milhões de euros por dia até ao terceiro trimestre do ano. Aliás, em termos globais, o total das taxas, multas e outras penalidades aplicadas nos primeiros nove meses do ano já fiz entrar nos cofres do Estado 381,8 milhões de euros, o que representa um acréscimo de 11,8 por cento face a 2007.
Para Carlos Barbosa, presidente do Automóvel Clube de Portugal (ACP), de uma forma linear, "é natural que as receitas aumentem". "Havendo uma maior fiscalização, há uma maior receita, pois aumenta o número de prevaricadores", resume o responsável, garantindo que "a fiscalização é cada vez mais apertada".
Ainda assim, para o presidente do ACP, a atitude das forças de segurança não é compreensível. "Continua a haver nas estradas uma atitude de repressão e não de prevenção", diz Carlos Barbosa, sublinhando que "há em Portugal uma permanente caça à multa".
Para o provar, o ACP vai publicar na edição de Novembro da sua revista um trabalho com imagens "caricatas" que mostram a forma como a PSP e a Brigada de Trânsito da GNR fazem a fiscalização das estradas portuguesas. "Há radares escondidos nos sítios mais extraordinários", garante o responsável.
Entre alguns dos exemplos dados pela revista, o líder do ACP aponta o caso "de um jipe não identificado, estacionado no final da A5, com uma máquina e um radar escondidos atrás de uma placa de sinalização" e o controlo da velocidade na A23, cuja fotografia mostra "um carro da polícia estacionado numa estrada paralela e um cabo com uma máquina e um radar na auto-estrada".
"Se estão numa de facturar não sei, mas estamos num país em que não há prevenção e a caça à multa é uma realidade", conclui Carlos Barbosa.
Na proposta de Orçamento do Estado para 2009, o Governo espera arrecadar 97,4 milhões de euros em multas do Código da Estrada, o que equivale a uma entrada diária de quase 267 milhões de euros nos cofres do Estado.
Aliás, entre taxas, multas e outras penalidades (receitas não-fiscais), o Governo estima amealhar 780,8 milhões de euros, mais 28,6% do que as receitas previstas para este ano.
PORMENORES
PREVISÃO
De acordo com o Orçamento do Estado de 2008, as taxas, multas e outras penalidades devem somar 607,1 milhões de euros até ao final deste ano, uma subida de 12,9% face ao valor registado em 2007.
PENHORA DO ORDENADO
Não pagar uma multa pode desencadear a penhora de contas bancárias, bens e, inclusivamente, do ordenado do infractor. O Estado tem, aliás, usado este mecanismo com maior regularidade.
"PATRULHAS DÃO MAIOR ATENÇÃO ÀS INFRACÇÕES" (José Manageiro, Presidente da APG/GNR)
Correio da Manhã – Considera que existe uma intensificação da caça à multa?
José Manageiro – Não acredito. O que existe são novas opções do modelo de patrulhamento, em que se dá uma maior atenção às infracções.
– Os elementos da GNR são instruídos para passar um grande número de multas?
– Não há indicações explícitas para isso. O que se passa é que os elementos são obrigados a autuar quem comete infracções.
– A que atribui, então, este grande aumento nas verbas das multas?
– A intensificação de operações STOP e, também na área da fiscalização rodoviária, o grande investimento realizado na aquisição de equipamentos de detecção de velocidade podem ter contribuído para isso.
– Esta é a postura mais correcta da GNR?
– A actuação é mais repressiva do que preventiva, ao contrário do que defende a APG. O aumento da componente preventiva representa um grande investimento, principalmente em recursos humanos.

domingo, 26 de outubro de 2008

Erros de medicação causam 7.000 mortos anuais em Portugal

Público
26.10.2008


A administração errada de medicamentos aos doentes hospitalizados é responsável pela morte anual de 7.000 portugueses, mas apesar de serem evitáveis, "estes erros existirão sempre e sem culpados", graças a um "sistema que falha", disse à Lusa a presidente da Associação Portuguesa dos Farmacêuticos Hospitalares.

Aida Batista, presidente da APAH, reconheceu que o erro de medicação nos hospitais "existe e vai sempre existir". "Não se trata de um erro humano, mas sim do sistema [que falha]", esclareceu, lamentando que muitos destes erros sejam escondidos, por receio dos profissionais serem acusados.

É ao próprio sistema que o erro é atribuído, pois "apesar de os profissionais trabalharem com o maior cuidado, pode existir uma falha", disse.

De acordo com Aida Batista, o erro pode acontecer pelas mais variadas situações, desde que o médico prescreve o medicamento (por letra ilegível ou por confusão na dose), à farmácia que o distribui (confundindo as embalagens, por exemplo), ou o enfermeiro que o dá ao doente (que pode ser o doente errado).

"Os erros podem acontecer em qualquer destas fases do processo", disse a presidente da APFH, que há anos se preocupa com esta questão.

Este erro é responsável por 7.000 mortos em Portugal, segundo dados confirmados pela autoridade que regula o sector do medicamento (Infarmed).

Os casos não são exclusivos em Portugal. Nos Estados Unidos, por exemplo, entre 44 mil a 98 mil doentes hospitalizados morrem anualmente devido ao erro de medicação.

Aida Batista considera que só quando os hospitais estiverem ligados a um sistema centralizado e igual para todas as instituições é que o erro poderá diminuir.

A presidente da APFH lamenta que não haja em Portugal uma cultura de segurança, razão que, na sua opinião, leva a que os programas de segurança se limitem muito à farmácia do hospital.

"Todos os profissionais de saúde estão envolvidos no fornecimento de medicamentos: o médico, porque prescreve, a farmácia, porque dispensa e o enfermeiro, porque administra o fármaco", pormenorizou. "Todos são humanos e, por isso, todos podem errar, mas neste caso é o sistema que falha", concluiu.

_______________________

Estes erros matam dez vezes mais do que os acidentes de viação mas obtêm dez vezes menos atenção dos jornais e televisões. Os dinheiros gastos na prevenção dos acidentes teriam aqui um retorno em vidas muito maior.
.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Atropelamentos e comportamentos

PSP alerta que 40 por cento dos atropelamentos acontecem nas passadeiras
Público, 23.10.2008

Quase 40 por cento dos peões são atropelados nas passadeiras, um facto que a PSP atribui essencialmente a questões comportamentais e ao desrespeito pelas regras de trânsito. "O condutor é que traz a arma perigosa e, por isso, tem de ter mais cuidado, mas muitos dos acidentes que acontecem nas passadeiras sinalizadas são provocados pelos peões, que desrespeitam os semáforos", disse o subcomissário João Pinheiro da Divisão de Trânsito da PSP.

Já nas passadeiras que não estão sinalizadas, a culpa é normalmente dos condutores, "por distracção ou excesso de velocidade". O mesmo responsável adiantou que "uma está associada à outra. O que acontece é que a distância de segurança não é cumprida e não é suficiente para ver os peões". Para João Pinheiro, a falta de passadeiras e a má colocação de algumas delas justificam alguns atropelamentos, mas a grande percentagem deve-se "a questões comportamentais".

Do total de atropelamentos de 2007 na cidade de Lisboa, 314 aconteceram nas passadeiras e 537 fora delas. Estes acidentes provocaram dois mortos, 24 feridos graves e 325 ligeiros nas passadeiras. Fora das "zebras", o balanço da sinistralidade é superior: três mortos, 54 feridos graves e 506 ligeiros.

Ainda assim, "o número de atropelamentos nas passadeiras aproxima-se muito dos que acontecem fora delas", observou o responsável da PSP. "O problema não é só da falta de passadeiras. Grande percentagem dos atropelamentos dá-se por desrespeito da sinalização", comentou, acrescentando que "não pode haver uma passadeira de 5 em 5 metros. Tem de haver mobilidade para peões e automóveis".

Os peões desrespeitam as regras, mas os condutores também devem antecipar o comportamento destes nalgumas situações, como por exemplo, junto às paragens de autocarro. As pessoas idosas, com mais de 65 anos, são um dos grandes grupos de risco, motivo pelo qual João Pinheiro defende que devia haver campanhas de segurança rodoviária específicas. "Tudo o que há é direccionado para o condutor, álcool e velocidade. Devia haver também campanhas dirigidas aos peões, sobretudo para os que foram identificados como grupos de risco", sublinhou o subcomissário da PSP.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

A doença súbita ao volante

.



Estatísticas recentes apontam para o facto de as doenças cardiovasculares e cerebrovasculares serem responsáveis pela morte anual de 40.000 pessoas em Portugal como foi frisado no dia 28 de Setembro de 2008, aquando das comemorações do "Dia Mundial do Coração”.

Já aqui tenho referido a minha convicção da insuspeitada influência das indisposições súbitas dos condutores nos acidentes de viação. Um caso recente que tive oportunidade de presenciar leva-me a voltar a este assunto.

Façamos umas contas simples a partir dos 40.000 aacidentes cardiovasculares e cerebrovasculares acima referidos:

- Se cada português, em média, estiver ao volante 20 minutos por dia então é provável que desses 40.000 problemas de saúde 1.100 ocorram na estrada.

- Se desses 1.110 casos trinta por cento produzir perda de consciência ou de controle dos movimentos então estamos perante cerca de 350 acidentes graves potenciais.

O problema na prevenção é que, em grande parte, estes acidentes são imprevisíveis e a sua verdadeira causa não chega sequer a ser reconhecida.
Nas estatísticas acabarão por figurar como casos de excesso de velocidade, distracção ou adormecimento ao volante.
,

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Lombas redutoras de… velocidade?

.
Texto da autoria do leitor Miguel Andrade

Ao contrário do que muitas pessoas bem intencionadas julgam, as lombas ditas redutoras de velocidade levantam uma série de problemas. Por alguma razão países que as implementaram antes de nós já compreenderam isso e procedem à sua remoção depois de terem verificado entre outras desvantagens que as lombas estão por vezes na origem dos próprios acidentes além de contribuírem para um aumento do consumo de combustível e portanto da poluição.
Além disso originam:

-Poluição sonora a qualquer hora do dia ou da noite particularmente sentidas se as lombas forem instaladas junto a residências, condenando e penalizando o inocente em vez do infractor.
-Desgaste e danos em viaturas como por exemplo o sistema de direcção que poderá vir a estar na origem de um acidente ou contribuir para ele.
-Vibrações provocadas pela passagem de viaturas pesadas e que afectam as construções.
-Desvalorização comercial dos imóveis situados nas proximidades.
-Acidentes provocados pelas próprias lombas devido ao efeito de hidroplanagem ou à mudança súbita de velocidade de alguns condutores quando se apercebem da sua presença.
-Sofrimento causado aos sinistrados transportados em ambulância. Podem ocorrer graves consequências por exemplo nos casos de lesões na coluna ou no transporte de grávidas.
-Atraso na marcha de viaturas de socorro. (Policia, bombeiros, ambulâncias, etc.)
-Rampa para ”cavalinhos” para algumas motos e moto4, podendo originar um acidente.

São estas lombas que impedem um veículo desgovernado, em que o condutor não consegue ou não pode controlar a sua viatura, de atropelar um peão mesmo que este se encontre numa passadeira no passeio ou no meio da estrada ?
Após a passagem da passadeira uma viatura rapidamente consegue readquirir uma velocidade elevada. Se o objectivo é proteger os peões numa grande extensão devido à inexistência de passeios então por absurdo teriam que as colocar de 10 em 10 metros. Entre outras coisas também não foram feitas para substituir passeios.
Acontecem atropelamentos em passadeiras mal sinalizadas e com pouca visibilidade para peões e condutores mas alguns responsáveis pela colocação destas lombas ignoram estes factores e espalham-nas como se fossem uma panaceia.
A prevenção deveria começar pela educação e pela colocação de passadeiras bem sinalizadas em locais com boa visibilidade para condutores e peões.
Atropelamentos, acidentes, excessos de velocidade, vias estreitas, mal iluminadas, locais perigosos, etc. acontecem e existem um pouco por todo o lado. A solução é colocar lombas em todos os locais? Só em alguns? Com que critério? Gostaria de ter uma lomba destas à porta de sua casa a dois ou três metros de distância e deixar de ter sossego a qualquer hora do dia ou da noite? Não creio que gostasse, mas alguns dos que as mandam colocar são insensíveis a isso. O tão apregoado ar puro e sossego não é para todos e as lombas lá vão sendo instaladas a pedido.

Quem se responsabiliza pelos danos causados pelas Lombas Redutoras de “Velocidade”?

A tudo isto deixo ainda um desafio às autoridades responsáveis:
Quantas vezes um veiculo tem que passar nestas lombas até perder a pressão de ar nos pneus para que deixe de circular em condições de segurança?
Mandar colocar lombas não requer grande inteligência mas encontrar soluções alternativas como rotundas, sinalização luminosa ou "chicanes" como fizeram nas corridas de velocidade dá mais trabalho mas é mais eficaz.
Quatro crianças foram atropeladas em Março de 2008 quando atravessavam numa passadeira “protegida” por uma destas lombas na região do Porto.

Não consigo compreender é que apesar deste ser um assunto tão sério que nos afecta a todos, continue sem legislação.

.