sábado, 24 de janeiro de 2009

Longe do céu

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A Automotor de Janeiro 2009 traz uma peça dedicada aos radares de Lisboa. "Longe do Céu", dizem eles... (clique nas imagens para ampliar)
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quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Mais luz na estrada = menos mortes

Público
21.01.2009



A equação parece tão simples que não se percebe por que é que ninguém lhe liga muito: quanto mais iluminadas estiverem as estradas, menor o número de choques de automóveis. Mas agora, um estudo na muito séria Cochrane Review - especializada no estudo dos efeitos das políticas de saúde - vem pôr os pontos nos "i" e, esperemos, tirar teimas: a iluminação rodoviária é um método simples e barato para reduzir a sinistralidade nas estradas.
Fiona Beyer, da Universidade de Newcastle, e colegas juntaram 14 estudos sobre o tema e concluíram que a iluminação pública reduz em 32 a 55 por cento o número total de acidentes - e em 77 por cento o número de mortes.
Segundo a OMS, no mundo morre um milhão de pessoas por ano nas estradas e até 50 milhões sofrem ferimentos. Se nada for feito, os mortos poderão ser 2,3 milhões em 2020, dos quais 90 por cento nos países menos ricos.
Mas mesmo os países mais desenvolvidos, que ponderam diminuir os candeeiros para reduzir custos e emissões de dióxido de carbono, têm de pensar no assunto. "Os efeitos potencialmente adversos para a segurança rodoviária", diz Beyer em comunicado, "precisam de ser cuidadosamente reavaliados à luz dos nossos resultados".

Declaração de Voto



PLANO DE INTERVENÇÃO
NO SISTEMA DE CONTROLO
E VIGILÂNCIA DE TRÁFEGO

Declaração de voto de
Fernando Penim Redondo


Participei nos trabalhos da Comissão para Avaliação do Sistema de Controlo de Velocidade e Vigilância de Tráfego de Lisboa, por nomeação de 14 de Setembro de 2007, e na qualidade de promotor de uma petição que recolheu cerca de 10.600 assinaturas.

Em reunião ocorrida a 27 de Março de 2008 a Comissão aprovou, por consenso, um “PLANO DE INTERVENÇÃO NO SISTEMA DE CONTROLO E VIGILÂNCIA DE TRÁFEGO”, compilado pelos serviços camarários competentes depois de obtidas contribuições escritas dos membros da Comissão que o quiseram fazer.
O referido Plano foi por mim aceite e favoravelmente votado por me parecer que, apesar das suas limitações e falta de sustentação, ele continha respostas pontuais positivas que reduziam os incómodos e perturbações que a instalação dos radares causara aos cidadãos de Lisboa e, em geral, a todos os que se deslocam em transportes motorizados no interior da cidade.

Logo nessa altura lamentei que a Comissão dos Radares não tivesse obtido, até à produção do referido Plano, qualquer informação estatística relevante sobre a sinistralidade nos locais de implantação dos radares, nem da cidade de Lisboa no seu conjunto, por forma a comparar os dados sobre os acidentes nesses locais com os seus equivalentes em anos anteriores. Por isso a Comissão não podia ter feito muito mais do que fez, ou seja, com base no senso comum recomendar a mudança da localização de alguns equipamentos.Também não foram então apresentados à Comissão os dados relativos ao número de coimas efectivamente aplicadas nem se sabia qual o grau de contestação que as eventuais autuações teriam provocado. Só se conhecia o número de infracções detectadas. Eram igualmente desconhecidos, à data da produção do Plano, os dados relativos ao impacto na mobilidade dos cidadãos provocados pelos radares nas suas zonas de influência.
Após quase um ano, em que o Plano aprovado não teve qualquer consequência prática, foi a Comissão, cujos trabalhos haviam cessado em Março 2008, de novo chamada a pronunciar-se sobre um conjunto de propostas da ACAM (Associação de Cidadãos Automobilizados), apresentadas já depois do encerramento dos trabalhos, e que a referida Associação queria ver contempladas no Plano.

Tais propostas eram de índole muito diversa, a saber:

- Criação em Lisboa de zonas com limite máximo de velocidade de 30 km/h
- Diminuição da velocidade máxima permitida na Segunda Circular para 50 km/h
- Modificação da programação dos sistemas de semáforos
- Alteração de procedimentos da PSP no que toca aos radares móveis
- Redução da largura das faixas de rodagem de algumas vias
- Declaração da perigosidade do Túnel do Marquês e recomendação do abandono da obras para a sua conclusão.

Desta lista constam propostas que fazem tábua rasa de todos os trabalhos anteriores da Comissão, ou que estão fora do âmbito das suas competências, ou que traduzem meras opiniões dos proponentes que nunca foram aprofundadas nem sequer discutidas.

A Comissão, na reunião de 13 de Janeiro 2009, acabou por decidir incluir na secção “III.13 Notas Complementares”, algumas das propostas acima referidas com carácter mais genérico.

Nesta conformidade, através desta declaração de voto, venho exarar o meu protesto e rejeitar as modificações ao Plano aprovado pela Comissão, e por mim, em 27 de Março de 2009. Pelas seguintes razões:

1. As propostas da ACAM foram feitas fora dos prazos acordados e configuram um tratamento de favor para uma organização que nem sequer consta da lista de nomeações para a Comissão em 14 de Setembro 2007.
2. As propostas da ACAM estão fora do âmbito de competências da Comissão tal como estas foram definidas no acto de nomeação.
3. As propostas da ACAM são uma tentativa de instrumentalizar a Comissão nas disputas que a opõem aos órgãos camarários
4. As propostas da ACAM vão contra os interesses e o sentimento dos cidadãos de Lisboa cuja opinião é por norma omitida.
5. As propostas da ACAM fazem tábua rasa da evolução francamente positiva que se tem verificado no conjunto da cidade de Lisboa e insistem na obsessão da redução das velocidades como único instrumento de prevenção.

Finalmente, considero lamentável que se tenha reaberto os trabalhos da Comissão para dar voz às campanhas da ACAM, e aos seus exageros, em vez de se ter aproveitado para reapreciar as decisões de Março 2008 à luz dos dados agora disponíveis sobre os efeitos dos radares.

Fernando Penim Redondo
Lisboa, 16 de Janeiro 2009

sábado, 17 de janeiro de 2009

Acidentes que nada têm a ver com sinistralidade

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Um dos feridos do acidente com um camião em fuga, hoje, no Centro de Lagos, continua em observação médica com prognóstico reservado, enquanto a maioria dos restantes já teve alta, informou fonte do Centro Hospitalar do Barlavento Algarvio. Ao todo o acidente provocou um morto e oito feridos e não cinco, como tinha sido primeiramente avançado.
Segundo a mesma fonte, a mulher, de 76 anos, ficou com "múltiplos traumatismos na cabeça", ao ter sido atropelada pelo veículo pesado numa esplanada junto ao Mercado de Santo Amaro.
De acordo com o relato do Comando Distrital da PSP, "a viatura pesada de serviços, pertencente a uma empresa de construção civil, tinha sido furtada por volta das 11h00".
O condutor "pôs-se em fuga pelas ruas da cidade, causando diversos danos em veículos", acabando por vir a "atropelar oito pessoas numa esplanada", explicou o comissário Jorge Carneiro à Lusa.
Uma mulher de 40 anos morreu no local. O corpo foi de imediato transportado para o gabinete médico-legal de Portimão.
Entre os feridos, uma mulher de 49 anos e três homens, com 44, 52 e 58 anos, já tiveram alta da unidade hospitalar de Lagos, informou o Gabinete de Comunicação do Centro Hospitalar do Barlavento Algarvio, assim como um agente da PSP, com 25 anos, que também acabou ferido na perseguição.

Público, 17.01.2009

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Este, como outros igualmente atípicos da verdadeira sinistralidade, acabará a inflaccionar artificialmente as estatíticas de mortos e feridos "nas estradas". Apesar de se tratar apenas de um caso de banditismo.
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quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Ressuscitou o parecer aprovado em 27 Março 2008

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Lisboa: comissão propõe mais quatro radares na Segunda Circular
Público/Lusa - 14.01.2009


A comissão de acompanhamento dos radares em Lisboa propôs a instalação de mais quatro equipamentos na Segunda Circular e a retirada dos existentes na Avenida de Ceuta e na Marechal Spínola, entre outras medidas.
Segundo as conclusões do relatório da comissão, a que a Lusa teve acesso, são propostas de alterações em nove troços com radares na capital.
Para a Segunda Circular, é proposto instalar "em ambos os sentidos mais quatro radares sequenciais (dois junto ao novo terminal do aeroporto e dois junto ao [centro comercial] Colombo)".
No sentido nascente-poente está instalado um radar à entrada da A1, que a comissão recomenda "deslocar ligeiramente" para jusante, "protegendo o nó de acesso ao aeroporto".
A comissão recomenda na Avenida Infante D. Henrique a instalação "a curto prazo de mais um radar em cada sentido na secção Santa Apolónia-Fábrica Nacional".
"Tendo em conta o comprimento da avenida deverá equacionar-se a instalação de mais radares noutras secções de forma a funcionarem como controladores sequenciais para moderar e uniformizar a velocidade ao longo do seu troço mais urbano", o que deverá ser acompanhado de "alteração de ‘semaforização’ e melhoria do pavimento", sustentam.
A comissão sublinhou que a Avenida Infante D. Henrique "sendo uma artéria de penetração com grande volume de tráfego, com troços específicos com paragens de transportes públicos e de travessia pedonal, é imperativa a introdução de medidas de acalmia de tráfego".
A comissão propõe também a instalação de novos radares na Avenida Dr. Alfredo Bensaúde e na Avenida Gulbenkian.
Em relação à Avenida Alfredo Bensáude a colocação de um novo radar no sentido descendente e de painéis de alerta é justificada pela "frequente utilização desta artéria para demonstrações de tuning".
A Avenida Gulbenkian possui características que "induzem ao excesso de velocidade e que a torna uma das mais perigosas da cidade", argumenta a comissão, que recomenda a instalação de um novo radar no sentido descendente e painéis de alerta.
Na Avenida de Ceuta, a comissão admite a "hipótese" de ser retirado o radar dada a "remodelação viária prevista para esta avenida, que inclui medidas de redução de velocidade, como a construção de uma rotunda".
A Avenida Marechal Spínola "é um eixo radial com volumes de tráfego bem longe da sua capacidade de projecto, pelo que se admite a retirada do equipamento para ser colocado noutros locais da cidade mais de acordo com os critérios estabelecidos".
Face a um previsível aumento da urbanização da área coberta por esta via, a comissão recomenda o "reperfilamento como avenida e a redução da largura das faixas de rodagem em conjugação com outras medidas de acalmia de tráfego, como forma de reduzir a velocidade e compatibilização com a presença de modos suaves de transporte".
A comissão propõe também a mudança do local do radar nos troços da Avenida da Índia e Radial de Benfica.
Na Avenida da Índia, "propõe-se a rotação do radar para controlo do tráfego que circula no sentido do centro da cidade e introdução de medidas de acalmia do tráfego ao nível do traçado e sinalização (‘semaforização’)".
Na Radial de Benfica "são observadas, com grande frequência, velocidades excessivas e, por isso, justificam-se medidas de acalmia de tráfego e propõe-se a retirada do equipamento instalado junto à passagem superior de peões da Cruz da Pedra de modo a que seja transferido para outros troços que se determinem serem mais necessários".
Em relação ao Túnel do Marquês, que concentra 23 por cento das infracções de excesso de velocidade detectadas pelos radares, a comissão propõe a instalação de "bandas sonoras e a melhoria de sinalização informativa alertando para a velocidade excessiva".
A localização do radar do Túnel do Marquês, associado ao declive do troço e condições de visibilidade, são motivos adiantados pela comissão para a concentração de infracções naquele local.
Coordenada pelo vereador da Mobilidade, Marcos Perestrello (PS), a comissão de acompanhamento dos radares integra o director municipal de Segurança e Tráfego, Fernando Moutinho, o comandante da Polícia Municipal, André Gomes, subcomissário Gancho da Divisão de Trânsito da PSP, o presidente da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária, Paulo Marques Augusto, presidente do Automóvel Clube de Portugal (ACP), Carlos Barbosa, Maranha das Neves em representação do Centro Rodoviário Português e Fernando Penim Redondo, promotor de uma petição exigindo a reformulação do sistema de radares.
Os radares estão instalados desde Julho de 2006 nas Avenidas das Descobertas, da Índia, Cidade do Porto, Brasília, de Ceuta, Infante D. Henrique, Estados Unidos da América, Marechal Gomes da Costa e Gago Coutinho e nos Túneis do Campo Grande, do Marquês de Pombal e da Avenida João XXI - onde o limite de velocidade é de 50 quilómetros/hora - e ainda na Radial de Benfica, na Segunda Circular e no prolongamento da Estados Unidos da América, onde a velocidade máxima permitida é de 80 quilómetros por hora.
As verbas provenientes das coimas aplicadas pelas infracções fotografadas pelos radares destinam-se à Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (20 por cento), Câmara Municipal de Lisboa (30 por cento), Estado (40 por cento) e o Governo Civil de Lisboa (10 por cento).

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A LUSA divulga este comunicado hoje, como se fosse algo de novo saído da reunião da Comissão no dia 13, mas estas são medidas aprovadas em 27 de Março 2008 e às quais a CML ainda não deu seguimento.
O texto contém pelo menos um erro no que toca à activação dos radares que ocorreu em 2007 e não em 2006.
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Mortos de segunda

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Público
13.01.2009


Só entre o primeiro dia do ano e sábado morreram nove pessoas em 350 incêndios em habitações. É mais de um terço das mortes em incêndios deste tipo registados ao longo de 2008 (25), de acordo com os dados fornecidos pela Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC).
As notícias publicadas na imprensa apontam o dedo, com alguma frequência, ao uso indevido de lareiras e outros sistemas de aquecimento. Ontem, um homem de 79 anos morreu em sua casa, na freguesia da Madalena, em Vila Nova de Gaia. Foi vítima de um fogo que, desconfia Manuel Rosa, chefe de segunda classe dos bombeiros sapadores, pode ter tido origem num cobertor eléctrico.
Na semana passada, quatro pessoas também morreram num incêndio num edifício junto à Torre dos Clérigos. Entre as vítimas estavam duas crianças. Uma fonte dos bombeiros chegou a afirmar que a origem da tragédia poderá ter estado num radiador de aquecimento.

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Se esta sucessão de mortes tivesse acontecido na estrada a repercussão na comunicação social seria enorme e já teria vindo a ACAM gritar a sua "guerra civil". Estes que morrem em casa são mortos de segunda e não merecem investimentos públicos do tipo "Estamos a travar este drama".
Já tinhamos dito aqui que há muito mais acidentes em casa do que nas estradas.
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terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Número de mortos aumentou depois da instalação dos radares

Diário de Notícias
13.01.2009



(clicar para ampliar)

O número de mortos em Lisboa em resultado de acidentes de viação ocorridos nos locais onde existem radares de controlo de velocidade aumentou em 2007, ano em que os aparelhos foram instalados. Nesse período registaram-se seis mortos, mais dois do que em 2006, quando era inexistente qualquer controlo.
Os dados são da Comissão de Avaliação do Sistema de Controlo de Velocidade e Vigilância do Tráfego de Lisboa que reúne hoje para propor a aprovação de zonas da capital onde o limite máximo de velocidade seja de 30 Km/h. Desta reunião deverá sair também a proposta para que os sinais verde e vermelho alternem nas avenidas para evitar a velocidade.
A comissão fez o levantamento dos sinistros entre Julho de 2005 e Junho de 2008 e constatou que, num conjunto de 12 das vias com radares, houve quatro mortos em 2006/2007 e seis em 2007/2008, ano em que aqueles equipamentos entraram em funcionamento. Ou seja, quando os radares ficaram operacionais ocorreram mais dois acidentes mortais. Relativamente aos feridos graves, houve uma diminuição. Naquele primeiro período registaram-se 34 e no segundo 22.
Para Fernando Penim Redondo, membro da referido grupo de trabalho, os números revelam que a sinistralidade piorou na cidade de Lisboa. "Esta comparação de três anos sucessivos não permite atribuir aos radares qualquer efeito positivo no número e gravidade das vítimas", disse ao DN. Por outro lado, "a redução dos feridos graves - de 2005-2006 para 2006-2007 (menos 45) e de 2006-2007 para 2007-2008 (menos 12) - mostra que outros factores actuavam já, antes da instalação dos radares, no sentido de uma queda acentuada", acrescentou.

Aposta errada

Fernando Penim Redondo admite que, em termos estatísticos, a longo prazo, esta análise possa ser relativizada. No entanto, considera errada a aposta no controlo da velocidade para evitar a sinistralidade no interior da capital. "Qualquer pessoa compreende que, mesmo quando se verifica uma redução da sinistralidade, o que não foi o caso, ela pode nada ter a ver com os radares, pois há outros factores em jogo. Por exemplo, as distracções ou doenças durante a condução, a quantidade de veículos em circulação e mesmo os factores climatéricos", explicou.
Em consequência, para o interlocutor do DN, "os radares fixos de controle de velocidade parecem ter um custo demasiado elevado para os cidadãos, quer sob a forma de impostos quer sob a forma de multas, à luz dos resultados disponíveis".
Relativamente à proposta, "sensacionalista", de haver zonas em Lisboa que vão passar para um limite máximo de 30 km/h, Fernando Redondo garante que se vai bater pela sua reprovação. "Quando faltam os estudos prévios eles são muitas vezes substituídos por campanhas de sensacionalismo", afirmou, acrescentando: "No que toca aos radares, caso exemplar, a sua introdução não foi precedida de uma fase preparatória em que se recolhessem dados sobre os acidentes nos locais de implantação por forma a permitir, agora, avaliar melhor os resultados."

Fim da onda verde

A proposta de redução para 30 km/h deverá ser hoje aprovada em reunião da Comissão de Avaliação do Sistema de Controlo de Velocidade e Vigilância do Tráfego de Lisboa. Em cima da mesa está também a proposta de acabar na cidade com a "onda verde". Actualmente quando, no início de uma avenida surge o verde, os seguintes sucedem-lhe para evitar a interrupção constante da marcha. Ora, a comissão acha que isso fomenta a velocidade e vai propor a alternância entre verdes e vermelhos, obrigando os automobilistas a parar a meio.
Para Fernando Redondo, é uma medida que a Associação de Cidadãos Auto-Mobilizados quer impor à comissão, depois de a ver rejeitada noutras instâncias. "Os cidadãos deveriam ser consultados", disse, frisando: "Desconheço a relação destas medidas com a eficácia dos radares."
O DN pediu esclarecimentos sobre este assunto à Câmara Municipal de Lisboa, mas não obteve resposta em tempo útil.

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Esclarecimento: os dados e o quadro apresentado no artigo não são da "Comissão de Avaliação dos Radares" mas sim resultado de um apuramento feito por mim e já publicado neste blogue. Aproveito para informar que a Comissão não aprovou na reunião de hoje qualquer proposta relativa às "zonas 30" ou à "onda verde". Em breve explicarei o que foi proposto pela ACAM e rejeitado nesta reunião da "Comissão de Avaliação dos Radares".

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sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

"Somos os campeões da Europa na redução da sinistralidade"

DN
08.01.2009

Presidente da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária destacou a diminuição de 9,6% no número de mortos de 2007 para 2008. Ministro da Administração Interna quer reduzir para 579 vítimas mortais anuais. Ministro das Obras Públicas promete melhorar condições de segurança das vias
Em 2007 e 2008, o número de mortos baixou para 772
"Somos os campeões da Europa na redução da sinistralidade", afirmou ontem o presidente da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR), Paulo Marques, após apresentar os números das vítimas dos acidentes de viação de 2008. Morreram nas estradas 772 pessoas, valores que, comparando com as 854 vítimas de 2007, representam uma redução de 9,6%. O mesmo responsável anunciou que, a partir de Janeiro de 2010, passam a ser contabilizados também os feridos que acabem por morrer nos hospitais no prazo de 30 dias após terem ali dado entrada.

"Para que não restem dúvidas sobre os números", frisou Paulo Marques, referindo-se a críticas constantes denunciando que a mortalidade nas estradas também tem diminuído porque muitas vítimas já praticamente sem vida são transportadas aos hospitais e acabam por morrer após ali darem entrada ou mesmo durante o percurso. E esses casos ficam registados oficialmente como feridos e não vítimas mortais.

Entre 2007 e 2008, o número de feridos graves desceu de 3116 para 2587, tendo reduzido também os feridos ligeiros, de 43202 para 40745. Números destacados e elogiados pelos diversos intervenientes na extensa cerimónia que decorreu no Ministério da Administração Interna e se prolongou durante uma hora.

No entanto, Paulo Marques manifestou-se "preocupado" com o facto de, entre Janeiro e Setembro de 2008, se ter verificado um aumento de 8% no número de vítimas mortais dentro das localidades, comparativamente com igual período de 2007.

Referindo-se aos números globais, o ministro da Administração Interna, Rui Pereira, considerou que, "em termos de sinistralidade rodoviária, o ano de 2008 foi excepcional a todos os títulos. Registámos o valor mais baixo de sempre nos números de mortos, feridos graves e ligeiros". Recordou que, nas últimas duas décadas, "chegaram a registar-se números superiores a 2600 mortos anuais".

Salientando que pretende reduzir ainda mais a sinistralidade, o ministro referiu-se à Estratégia Nacional de Segurança Rodoviária, "já apreciada em Conselho de Ministros e que entra em fase de discussão pública, englobando várias medidas que vão ser tomadas até 2015, com o objectivo de diminuir para 579 o número de mortos e colocar Portugal entre os dez países da união Europeia com menor taxa de sinistralidade rodoviária".

Entre essa medidas, Rui Pereira destacou "a instalação de uma rede nacional de radares, o melhoramento da sinalização nas estradas e o aperfeiçoamento do ensino de condução".

Por seu turno, o ministro das Obras Públicas, Mário Lino, garantiu empenhar-se na "redução de pontos negros e na substituição de estradas menos seguras por outras mais seguras. Estamos a preparar o manual para inspecções à infra-estrutura rodoviária e o manual de recomendações para a requalificação das vias, tornando-as mais seguras".

O ministro anunciou que "vai ser requalificada a EN125 (Algarve), a mais mortífera do País, que nos últimos dez anos tem registado uma média de 29 mortos por ano".

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Se estamos a evoluir tão bem não seria de esquecer a trapalhada dos novos radares ? E já agora acabar com aqueles anúncios na TV "de caixão à cova".
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quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Não se conformam com a evidência dos números

Público
08.01.2209

A GNR e a PSP detiveram em 2008, em todo o continente, mais de 24 mil condutores por infracções às regras de trânsito. Destes, cerca de 13.600 foram presos por apresentarem taxas de alcoolemia acima do permitido. Em média, devido ao consumo excessivo de álcool e por conduzirem sem habilitação legal, foram presas diariamente, em Portugal, 66,4 pessoas.
Estes números foram ontem revelados por responsáveis da GNR e PSP durante a apresentação do balanço relativo a sinistralidade rodoviária verificada no território do continente no ano passado. O factor humano é, porém, apenas um dos três mais importantes. Há ainda que contar com o estado dos veículos e com a qualidade das estradas. A alegada melhoria das vias, bem como o reforço dos patrulhamentos terão, disseram os ministros da Administração Interna e das Obras Públicas, contribuído decisivamente para que, em 2008, se registasse o menor número de sempre de mortes nas estradas nacionais: 772.
Um dos exemplos dados pelo ministro das Obras Públicas e que associa a melhoria das vias à diminuição da sinistralidade foi o da reconversão do IP5 em auto-estrada (A25). Entre 1998 e 2003, ano que antecedeu o início das obras de reconversão, morreram naquela estrada 149 pessoas. A partir de 2004 o número de vítimas mortais anuais decresceu para menos de 50 por cento e em 2008 só houve a lamentar três óbitos.
O decréscimo de vítimas mortais face a 2007 (menos 82 óbitos) foi motivo de regojizo para os ministros Rui Pereira e Mário Lino, mas também alvo de reparos por, eventualmente, não reflectirem a realidade. É que em Portugal têm sido contadas as vítimas que perecem no local do acidente ou a caminho do hospital, enquanto no resto da Europa juntam-se ao total aqueles que, em consequência de acidentes, venham a morrer nos 30 dias seguintes.
Ontem, porém, o presidente da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária, Paulo Marques, garantiu que essa regra europeia deverá entrar em vigor em Janeiro de 2010.
"O Governo calculava que 14 por cento dos feridos graves morressem nos hospitais, mas esse número é bem mais elevado, quase de 50 por cento", disse ontem ao PÚBLICO o presidente do Automóvel Clube de Portugal, Carlos Barbosa. Congratulando-se com a efectiva diminuição de vítimas mortais (também os feridos graves passaram de 3116 para 2587), o dirigente do ACP alertou, contudo, para a alta sinistralidade existente nos meios urbanos, apontando Lisboa como um exemplo de má gestão do tráfego e, em consequência, potencial pólo de acidentes. "PSP, Polícia Municipal e até a Emel, todos multam, todos querem mandar no trânsito. É muita gente a querer mandar, mas muito pouca gente a efectuar as necessárias campanhas de prevenção e a solucionar os problemas existentes", disse.

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A questão dos feridos que morrem no hospital é, neste contexto, uma falsa questão pois o tratamento do assunto era o mesmo nos anos que estão a ser comparados e em que se verificou uma evolução extremamente positiva. Isto sem falar de que a mortalidade por erro médico nos hospitais é superior à que acontece nas estradas.

Uma coisa é certa, a melhoria da situação no que toca à sinistralidade incomoda aqueles que têm planos megalómanos para encher as estradas do país com radares que pouco resolvem e muito custam.

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As mortes em Lisboa reduziram quase para metade em 2008: "É único na Europa"

DN, 02.01.2009

Lisboa sempre a descer


As mortes na estrada na cidade de Lisboa reduziram quase para metade em 2008. Das 18 vítimas mortais em 2007, o número baixou para dez, em 2008, o que se traduz numa redução de 45%. Porém, quanto à condução sobre o efeito do álcool, os números aumentaram em valores próximos dos 40%.
"Bastante positivo". É assim que o comissário João Pinheiro da Divisão de Trânsito de Lisboa (DTL), classifica este balanço. Isto porque, "ter dez mortos numa cidade onde entram 250 mil carros por dia é bom. É único na Europa".
Também o total de acidentes caiu cerca de 20%, de 11.168 para 8.988. Ou seja, uma média de 24 acidentes por dia. Ainda mais baixo foi o número de feridos graves que desceu de 152 para 116. Com uma diminuição menor, mas também em queda, estiveram os feridos leves (menos 16,10%) e os danos (menos 17,30%).
E se os sinistros reduziram drasticamente, o oposto se passou nos dados relativos ao álcool. "As pessoas não pararam de beber e nós aumentámos as operações", explica João Pinheiro. Logo, o número de condutores detidos por atingirem a fasquia de "crime" aumentou 38%, para um total de 401 detenções. As contra-ordenações não foram excepção, com as muito graves a aumentarem 39 % e as graves 32%.
Porém, os números foram inflaccionados por um aumento na fiscalização. A DTL esteve mais na rua e aumentou em 21% o número total de viaturas fiscalizadas, que rondaram as 33 mil. E, para não variar, voltou-se ainda a registar um número elevado de condutores em excesso de velocidade: sete mil -menos mil que em 2007.
Quanto aos grupos de risco, o balanço foi também positivo. Entre os motociclistas foi registada uma redução das vítimas mortais, os atropelamentos diminuiram 19,9%.
Em 2008, também aumentaram os rendimentos decorrentes das infracções. João Pinheiro não quis avançar com números, mas garantiu que foram superiores ao ano anterior. Ou seja, certamente mais que três milhões de euros.

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Finalmente aparece um responsável que desdramatiza os acidentes e lhes dá a importância que realmente têm. Tal como ele diz o número de vítimas é muito baixo se atendermos ao volume e intensidade de tráfego em Lisboa.

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quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Acidentes nas estradas em 2008 fizeram menos 82 mortos e menos 529 feridos graves do que em 2007

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LUSA
07.01.2009


Os acidentes nas estradas portuguesas provocaram em 2008 menos 82 mortos e menos 529 feridos graves do que em 2007, revelam dados provisórios da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR).
O balanço da sinistralidade rodoviária em 2008 é hoje à tarde apresentado no Ministério da Administração Interna, numa cerimónia que contará com a presença dos ministros da Administração Interna, Rui Pereira, e das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, Mário Lino.
De acordo com a ANSR, os desastres de viação causaram 772 mortos no ano passado, menos 9,6 por cento que em 2007, quando se registaram 854 mortos.
Lisboa foi o distrito com maior número de vítimas mortais (93), seguindo-se o Porto (84), Setúbal (77) e Aveiro (70).
Os menores índices de mortalidade rodoviária registaram-se nos distritos de Vila Real (11 mortos), Portalegre (12), Guarda e Bragança (16 cada um).
Em contrapartida, o número de acidentes com vítimas mortais dentro das localidades aumentou oito por cento no ano passado face a 2007, revelou à Agência Lusa o presidente da ANSR, Paulo Marques.
O responsável adiantou que terá que haver uma aposta para a segurança rodoviária dentro das localidades, sendo necessário o apoio das autarquias na requalificação dos arruamentos urbanos.
Segundo a ANSR, os feridos graves diminuíram 16,9 por cento no ano passado, quando ficaram gravemente feridas nas estradas portuguesas 2587 pessoas, número que em 2007 se situou nos 3116.
Também no ano passado houve uma diminuição dos feridos ligeiros, tendo-se registado menos 2457 relativamente a 2007.
Quanto ao número de acidentes, a ANSR dispõe de dados até Setembro, que mostram uma redução de seis por cento face ao mesmo período de 2007.
De acordo com Paulo Marques, até Setembro do ano passado registaram-se 24555 acidentes nas estradas portuguesas.
Estes dados dizem apenas respeito ao Continente, não abrangendo as Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira.
O presidente da ANSR lamentou que o número de vítimas mortais e de feridos graves continue a ser elevado, mas destacou a redução de 2008 relativamente ao ano anterior.
"A tendência que tem vindo a verificar-se há cerca de 10 anos de redução dos indicadores de sinistralidade também se registou em 2008", salientou, adiantando que "desde 2000 há sistematicamente uma redução do número de mortos e particularmente do número de feridos graves".
Para estes indicadores, tem contribuído, segundo o responsável, a qualidade das estradas portuguesas, a melhoria do parque automóvel, o comportamento dos condutores, as campanhas de sensibilização e as fiscalizações.
Paulo Marques disse ainda que o Governo já atingiu o objectivo traçado no Plano Nacional de Prevenção Rodoviária, no qual estava previsto uma redução, até 2009, de 50 por cento do número de vítimas mortais e dos feridos graves.
"Os objectivos já foram ultrapassados. Em 2008 a redução foi de cerca de 56 por cento nas vítimas mortais e de 66 por cento nos feridos graves", afirmou.

PÚBLICO, 07.01.2009

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Estes números mostram como são absurdos os exageros que pululam na comunicação social relativamente aos acidentes de viação. Claro que quem vive do fornecimento de radares ou dos negócios da consultoria vai sempre pretender mostrar a sinistralidade rodoviária como uma hecatombe.
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domingo, 4 de janeiro de 2009

Aumentam as infracções mas diminuem as vítimas

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No seu último ano enquanto tal, a Brigada de Trânsito da GNR registou em 2008 um aumento do número de infracções relativas a excessos de velocidade e de álcool nas estradas portuguesas, comparativamente a 2007. E foram registados menos mortos e menos feridos graves.

"Se conduzir não beba" e "conduza com moderação" continuam a ser duas mensagens que os portugueses teimam em não interiorizar. Aliás, não é em vão que o excesso de velocidade e de álcool são considerados pela já extinta Brigada de Trânsito (BT) da GNR "o grande flagelo nas estradas portuguesas". E se o aumento do número de operações stop registado entre 2007 e 2008 visou travar estas duas infracções, esse investimento da Guarda deveu-se também à subida da criminalidade violenta.

O excesso de velocidade liderou o aumento das infracções, com mais 13 097 condutores a serem apanhados a acelerar demais. De acordo com dados da BT a que o DN teve acesso, em 2008 foram registadas 173 184 infracções, enquanto em 2007 houve 160 087. Quanto ao excesso de álcool no sangue, no ano passado foram assinaladas 15 291 infracções, contra as 14 807 verificadas em 2007 (mais 484).

"Infelizmente, a maioria dos acidentes, sobretudo os mortais, são provocados por condutores que conduzem com excesso de velocidade ou com excesso de álcool no sangue", constatou fonte oficial da BT, lamentando que "as inúmeras recomendação da Guarda não tenham as desejadas repercussões nos cidadãos, cuja mentalidade ainda não está preparada para assimilar determinados comportamentos na estrada".

Falando especificamente do excesso de velocidade, a mesma fonte considera estar inerente o facto de as estradas e os carros de hoje serem substancialmente melhores do que os de há uns anos. "Quando se circula num bom piso com um bom carro, a tendência dos condutores é para acelerar e ultrapassar em muito os 120 quilómetros/hora permitidos nas auto-estradas", refere, alertando para uma condução mais cautelosa.
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Tem vindo a diminuir o número de mortos e de feridos resultante de acidentes de viação nas estradas.
Entre 1 de Janeiro e 21 de Dezembro de 2007, a PSP ea GNR registaram 828 mortos, 3057 feridos graves e 42165 feridos ligeiros. Em igual período de 2008, as duas forças assinalaram 750 mortos, 2499 feridos graves e 39670 ligeiros.
Ao DN fonte da GNR disse que esta diminuição de deve em muito "à melhoria da assistência [mais rapidez dos bombeiros e melhor serviço do INEM] bem como à melhoria dos equipamentos do veículo e das condições das estradas". Os números da sinistralidade rodoviária em Portugal apenas registam os mortos no local .
Os feridos graves que morrem nos hospitais ficam de fora desta estatística.

DN, 03.01.2009

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Estes dados que põem em causa as ideias feitas sobre as causas dos acidentes não parecem perturbar ninguém. Se a fiscalização mostra que há mais pessoas que estão a andar acima dos limites legais de velocidade e se, ao mesmo tempo, o número de vítimas dos acidentes diminuem drásticamente parece que seria inteligente voltar a pensar sobre as verdadeiras causas dos acidentes.
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