terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Automobilistas ou criminosos ?









"Nos primeiros 28 dias da Operação Natal em Segurança, a PSP já deteve 634 pessoas.
Segundo as autoridades, dois terços por crimes praticados nas estradas, em especial a condução sob o efeito de álcool, mas também por tráfico de droga, posse de armas, furtos e agressões a agentes.
Desde o dia 1 de Dezembro, a PSP já fiscalizou 53 mil viaturas, cerca de 250 seguranças privados em Centros Comerciais e casas nocturnas e já apanhou mais de 2400 excessos de velocidade nos radares.
Esta operação vai prolongar-se até 8 de Janeiro. "

Rádio Renascença, 29.12.2008


Andar a 140 na autoestrada, traficar droga e agredir agentes; para a PSP são tudo criminosos que na sua mente se confundem. Assim vai o civismo das nossas "autoridades".
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domingo, 28 de dezembro de 2008

Zero mortos nas auto-estradas

PÚBLICO
28.12.2008.

O número de mortos nas estradas portuguesas subiu para dez, de acordo com o mais recente balanço da Operação Natal da GNR, que regista menos vítimas mortais, mas mais feridos graves do que ano passado.Segundo a Brigada de Trânsito da GNR, nos primeiros cinco dias da Operação Natal, entre as 00h00 de terça-feira e as 00h00 de hoje, registaram-se 1.153 acidentes, de que resultaram dez mortos, menos um do que em 2007. A GNR regista ainda 45 feridos graves, mais 14 do que no ano passado, além de 322 feridos ligeiros, menos 63 do que em igual período de 2007. Nestes cinco dias, os militares da GNR fiscalizaram 9.533 condutores, tendo 65 sido detidos, dos quais 30 por apresentarem uma taxa de álcool igual ou superior a 1,2 gramas por litro de sangue, 27 por condução sem carta e oito por diversos motivos, como desobediência. No total, foram ainda aplicadas cerca de 4.300 multas, a maioria das quais (2.954) por excesso de velocidade e motivos como falta de cinto de segurança e excesso de álcool no sangue. O reforço do patrulhamento nas estradas teve início às 00h00 de terça-feira e prolonga-se até às 24h00 de hoje, estando mobilizados 2.300 militares, 1.100 patrulhas e 1.000 veículos. De acordo com a GNR, os militares estão particularmente atentos a infracções como excesso de velocidade, consumo de bebidas alcoólicas e substâncias psicotrópicas, falta de uso do cinto de segurança e utilização indevida de telemóvel. No total, a Brigada de Trânsito dispõe de 40 radares de velocidade e de 1.200 alcoolímetros. Na passagem de ano vai pôr em acção o mesmo número de meios, numa operação idêntica, entre as 00h00 do dia 30 de Dezembro e as 24h00 de 4 de Janeiro.
PÚBLICO, 28.12.2008

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Acabo de ouvir uma reportagem na RTP1 em que um responsável da BRISA informou que dos dez mortos da Operação Natal nenhum aconteceu nas auto-estradas, ou seja, no sítio onde se anda mais depressa. Dá que pensar não dá ?

Estatísticas recentes apontam para o facto de as doenças cardiovasculares e cerebrovasculares serem responsáveis pela morte anual de 40.000 pessoas em Portugal. Quantas iam ao volante ? Ninguém sabe.
A administração errada de medicamentos aos doentes hospitalizados é responsável pela morte anual de 7.000 portugueses, mas apesar de serem evitáveis, "estes erros existirão sempre e sem culpados", graças a um "sistema que falha", disse à Lusa a presidente da Associação Portuguesa dos Farmacêuticos Hospitalares.
Quatro pessoas morrem diariamente em Portugal vítimas de acidentes domésticos e de lazer, que obrigam ao tratamento hospitalar de 1665 portugueses por dia, segundo um estudo promovido pela União Europeia (UE).
Em suma este empolamento pela imprensa dos acidentes de viação, que provocam cerca de 800 mortos/ano, é bastante enviesado e escamoteia que constituem uma pequeníssima percentagem dos muitos milhões de veículos em circulação.
A focagem na velocidade tem como objectivo justificar a caça à multa e a compra de mais radares apesar de a maior parte dos acidentes se dever a distracções, doença súbita e casos fortuitos.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Interpretação exagerada

Público
26.12.2008


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Quadra de Natal com um acidente de cinco em cinco minutos nas estradas portuguesas

"Uma quadra de Natal com menos mortos que em 2007 mas com mais acidentes é o balanço feito pela Brigada de Trânsito (BT) da GNR da Operação Natal de fiscalização da segurança rodoviária nas estradas portuguesas. Feitas as contas, nos últimos três dias, perante os números apurados, ocorreu um acidente de cinco em cinco minutos.
Segundo a BT, os três dias de operação finalizaram com 781 acidentes, mais três do que no ano passado. Mas o número de vítimas mortais ficou em seis, menos cinco em comparação com o ano passado.
Quanto a feridos graves, ocorreram os mesmos que no ano passado, ou seja, 23 e foram 189 os feridos ligeiros, menos 57 que em 2007.
O reforço do patrulhamento nas estradas devido ao período do Natal vai manter-se até às 24h00 de domingo."


Público, 26.12.2008

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Como o número de mortos e feridos continua a baixar consistentemente de ano para ano agora, para fazer títulos, já se escolhe o ritmo horário dos acidentes.
Será que quem escreveu isto sabe que nos mesmos três dias houve muito mais acidentes, e vítimas, entre as pessoas que se encontravam pacatamente em suas casas.
Houve também no mesmo período, de acordo com as estatísticas, muito mais vítimas de erro médico nos nossos hospitais.
Seria mais honesto comparar o número de acidentes com o número de carros em circulação. Por aí se tornaria claro que este problema é muito menos grave do que se pretende fazer crer.
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sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Os radares e os acidentes

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Os radares e os acidentes de viação com vítimas graves
- nas vias de Lisboa onde os radares funcionam desde Julho 2007


Fernando Penim Redondo
Membro da Comissão de Avaliação do Sistema de Controlo de Velocidade e Vigilância do Tráfego de Lisboa

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Este documento baseia-se em informações disponibilizadas pela ANSR (Autoridade Nacional para a Segurança Rodoviária). Concretamente na publicação do Observatório de Segurança Rodoviária intitulada "SINISTRALIDADE RODOVIÁRIA - Distrito:Lisboa", relativa aos anos de 2005, 2006 e 2007 e também em números da mesma fonte sobre os acidentes no primeiro semestre de 2008 nas vias de Lisboa onde os radares têm estado em funcionamento. Pretende-se mostrar que é ilegítimo formular qualquer conclusão sobre a influência dos radares na sinistralidade das vias onde foram instalados se se usar como fundamento o número de vítimas graves registado nesses locais. Muito menos é legítimo atribuir aos radares uma redução do número de vítimas graves após a sua entrada em funcionamento pois tal redução não se verificou.A abordagem adoptada consistiu na comparação entre os dados relativos ao primeiro ano de actividade dos radares em Lisboa e os dois anos precedentes. Os três períodos de doze meses analisados são os seguintes:
1. acidentes com vítimas graves ocorridos entre Julho 2005 e Junho 2006
2. acidentes com vítimas graves ocorridos entre Julho 2006 e Junho 2007
3. acidentes com vítimas graves ocorridos entre Julho 2007 e Junho 2008 (primeiro ano de funcionamento dos radares)

(clicar aqui para ampliar)

Comparação de Jul. 2005 / Jun. 2006 com Jul. 2006 / Jun. 2007
- (de um ano sem radares para um ano sem radares):
menos 10 mortos (-71,4%) e menos 45 feridos graves (-56,9%)

Comparação de Jul. 2006 / Jun. 2007 com Jul. 2007 / Jun. 2008
- (de um ano sem radares para um ano com radares):
mais 2 mortos (+50%) e menos 12 feridos graves (-35,2%)

Esta comparação de três anos sucessivos não permite atribuir aos radares qualquer efeito positivo no número e gravidade das vítimas.
O número de mortos cresceu no ano em que os radares entraram em funcionamento e no mesmo período os feridos graves, embora tendo diminuído, apresentam uma descida menos acentuada do que a registada antes da instalação dos radares. A redução dos feridos graves de 2005-6 para 2006-7 (-56,9%) mostra que outros factores actuavam já, antes da instalação dos radares, no sentido de uma queda acentuada.
É pena que os responsáveis pelo trânsito em Lisboa não tenham investigado e investido nesses factores, que obtinham tão bons resultados, antes de se meterem pelo oneroso caminho da proliferação dos radares.
Parece-me portanto inaceitável a informação veiculada recentemente no jornal PÚBLICO de 8 de Dezembro 2008, com o título entusiástico "Menos mortos e feridos graves devido a radares em Lisboa", onde se diz a certo passo:

"Os radares de controlo de velocidade instalados em Lisboa há cerca de um ano e meio contribuíram, segundo o director municipal de Protecção Civil, Segurança e Tráfego, Fernando Moutinho, para "uma redução objectiva da sinistralidade grave".
Segundo números a que o PÚBLICO teve acesso, divulgados na última reunião da Comissão de Avaliação do Sistema de Controlo de Velocidade e Vigilância do Tráfego de Lisboa, num conjunto de 12 das vias com radares houve nove mortos em 2006 e sete em 2007, ano em que aqueles equipamentos entraram em funcionamento."


Como o nome da Comissão de Avaliação a que pertenço é mencionado sinto-me na obrigação de esclarecer que, tanto quanto sei, a referida Comissão não adoptou formalmente tal tese e que, pelas razões acima expostas eu não concordaria se tal viesse a acontecer.
Os números a que o Público se refere constituem um elemento de trabalho e são os mesmo que eu uso na minha análise. Mas é incorrecta a maneira como o jornal interpreta os números do primeiro semestre de 2007 que são associados aos radares apesar de estes só terem funcionado a partir do segundo semestre.
Esta precipitação, e incorrecção, na obtenção de conclusões pode estar a ser fomentada por quem pretenda uma nova escalada na introdução de medidas restritivas do tráfego automóvel (fala-se em zonas com limite máximo de 30 km/h e numa disseminação das "lombas"). Quando faltam os estudos prévios eles são muitas vezes substituídos por campanhas de sensacionalismo.
No que toca aos radares, caso exemplar, a sua introdução não foi precedida de uma fase preparatória em que se recolhessem dados sobre os acidentes nos locais de implantação por forma a permitir, agora, avaliar melhor os resultados. Na medida em que os radares actuam sobre a velocidade de circulação dever-se-ia, no mínimo, ter feito um apuramento do número de acidentes causados ou influenciados por excesso de velocidade nos locais seleccionados.
Qualquer pessoa compreende que mesmo quando se verifica uma redução da sinistralidade, o que não foi o caso, ela pode não ter nada a ver com os radares pois, como referimos mais acima, há outros factores em jogo. Por exemplo as distracções ou doenças durante a condução, a quantidade de veículos em circulação e mesmo os factores climatéricos que tanto podem variar de uns anos para os outros.
Também são desconhecidos, pois nunca foram estudados, os impactos negativos para a mobilidade dos cidadãos provocados pela introdução dos radares nas suas zonas de influência. Qualquer avaliação séria dos radares terá que balancear os impactos positivos com os negativos.
Em conclusão, os radares fixos de controle de velocidade parecem ter um custo muito elevado para os cidadãos, quer sob a forma de impostos quer sob a forma de multas, à luz dos resultados que, de acordo com os dados disponíveis, podem garantir.
Dito de outra forma, os recursos aplicados na instalação dos radares fixos de controle de velocidade teriam provávelmente outras aplicações muito mais rentáveis do ponto de vista da preservação de vidas humanas, mesmo que através da prevenção dos acidentes.
Assim sendo é claramente de recomendar que não se instale qualquer outro equipamento deste tipo antes de se ter feito a demonstração da sua real utilidade.

Lisboa, 14 de Dezembro de 2008

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Menos mortos e feridos graves devido a radares em Lisboa ?

PÚBLICO
08.12.2008

Os radares de controlo de velocidade instalados em Lisboa há cerca de um ano e meio contribuíram, segundo o director municipal de Protecção Civil, Segurança e Tráfego, Fernando Moutinho, para "uma redução objectiva da sinistralidade grave".
Segundo números a que o PÚBLICO teve acesso, divulgados na última reunião da Comissão de Avaliação do Sistema de Controlo de Velocidade e Vigilância do Tráfego de Lisboa, num conjunto de 12 das vias com radares houve nove mortos em 2006 e sete em 2007, ano em que aqueles equipamentos entraram em funcionamento. E dessas sete mortes duas ocorreram junto ao Terreiro do Paço, já "fora da zona do radar" colocado na Avenida Infante Dom Henrique.
Nas mesmas 12 vias verificou-se que, entre 2006 e 2007, o número de feridos graves diminuiu de 66 para 19. No caso das avenidas Marechal Craveiro Lopes e General Norton de Matos (conhecidas como Segunda Circular), Marechal Gomes da Costa, Marechal Spínola e de Brasília não se registaram quaisquer feridos graves em 2007, ao contrário do que tinha acontecido no ano anterior.
Também significativa foi a diminuição da sinistralidade grave na Av. Infante Dom Henrique (onde o número de pessoas feridas com gravidade baixou de 22 para 8), na Av. Cidade do Porto (Segunda Circular) e na Av. Almirante Gago Coutinho.
Numa análise alargada já a 2008, mas abarcando apenas o primeiro semestre de cada ano, constatou-se que nas 12 vias em análise houve 40 feridos graves em 2006, oito em 2007 e 11 em 2008 (três dos quais ocorreram um único acidente na Av. Marechal Gomes da Costa). Já o número de mortos desceu de seis para um e, finalmente, para zero.

Acalmia indiscutível
O director municipal de Protecção Civil, Segurança e Tráfego da Câmara de Lisboa constatou que, na sequência da instalação dos radares de controlo de velocidade houve "uma acalmia do tráfego indiscutível", bem como "uma redução objectiva da sinistralidade grave". Isto aconteceu, segundo Fernando Moutinho, não só nos locais onde foram colocados aqueles equipamentos, mas também nas zonas imediatamente antes e depois.
O arquitecto acredita que mesmo para os críticos dos radares "é difícil rebater estes dados", embora admita que o período em análise é ainda muito curto para se chegar a uma conclusão mais definitiva sobre as melhorias nos índices de sinistralidade.
A avaliação preliminar agora feita tem, segundo o mesmo responsável, o problema acrescido de se fundamentar apenas no número de mortos e feridos graves, que são os únicos divulgados pela Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária.
O director municipal adianta que "já foi pedido formalmente" àquela entidade que passe a disponibilizar outros dados, como o número total de acidentes e o número de feridos ligeiros, "informações importantíssimas" para permitir "uma análise mais fina" dos efeitos dos radares e também para "identificar melhor os pontos negros" da cidade.
Os 21 radares da capital, cuja instalação foi decidida quando Carmona Rodrigues era presidente da autarquia, entraram em funcionamento em Julho de 2007.
a A Comissão de Avaliação do Sistema de Controlo de Velocidade e Vigilância do Tráfego de Lisboa deverá concluir no início de 2009 uma proposta na qual recomendará a instalação de mais radares e a deslocação para novos locais de alguns dos equipamentos em funcionamento, mas o projecto não tem data para sair do papel.
"A questão dos radares não é prioritária", disse o assessor de imprensa da Câmara de Lisboa. Confrontado com esta afirmação, o director municipal de Protecção Civil, Segurança e Tráfego admitiu que "os prazos são políticos", mas defendeu que o trabalho da comissão vai permitir fundamentar qualquer decisão do executivo que venha a ser tomada sobre esta matéria.
A proposta da comissão deverá, segundo um documento preliminar já divulgado, pedir a colocação de novos radares em artérias como a Avenida Dr. Alberto Bensaúde e a Avenida Gulbenkian, mas também no Eixo Norte-Sul. Já no caso da Avenida Marechal Spínola (prolongamento da Avenida Estados Unidos da América), a ideia é retirar o equipamento lá instalado por se tratar de "um eixo radial com volumes de tráfego bem longe da sua capacidade de projecto".
Segundo o presidente da Associação de Cidadãos Auto-Mobilizados, Manuel João Ramos, a proposta final deverá ainda incluir algumas recomendações feitas por esta entidade, nomeadamente a introdução de um conjunto de medidas de acalmia de tráfego complementares aos radares. Entre elas contam-se alterações na semaforização, colocação de lombas e de painéis de alerta.
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Este optimismo carece, infelizmente, de fundamentação credível.
Como demonstro aqui não é legítimo atribuir aos radares qualquer redução do número e gravidade das vítimas se nos ativermos aos números desde Julho de 2005 até Junho de 2008.
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domingo, 14 de dezembro de 2008

Se telefonar não conduza

Expresso, 13.12.2008
Nuno Crato

Há uma dúzia de anos, quando um veículo à nossa frente parecia que parava, demorava a reagir ao sinal verde ou fazia uma série de manobras estranhas, suspeitávamos que o condutor se encontrava embriagado. Quando vemos agora o mesmo comportamento desgovernado, suspeitamos que o condutor está a falar ao telemóvel.
Esta desatenção dos condutores tem sido objecto de muita investigação científica. Alguns dos estudos mais interessantes têm usado as técnicas de imagiologia cerebral. O que mostraram foi que, ao contrário do que muitos pensavam, há limites claros para a capacidade humana de processar informação em paralelo, mesmo quando esta requer capacidades mentais diferentes.
Um trabalho liderado por Mareei Adam Just, publicado em 2001 na revista 'Neurolmage' (nº 14, págs. 417-426), mostrava que o cérebro reduz a actividade de reconhecimento de objectos em cerca de 30% e a de diálogo em cerca de 50%, quando as duas actividades se processam em simultâneo.
O mesmo cientista e seus colaboradores estudaram posteriormente o problema da capacidade de processamento paralelo no caso dos condutores de veículos. Num artigo publicado este ano na revista 'Brain Research' (nº 1205, págs. 70-80), explicam que o diálogo pode diminuir a actividade de processamento espacial em cerca de 37%.
A princípio, pensava-se que o principal problema era o do manuseamento do telemóvel, que impedia que o condutor tivesse as mãos livres para segurar o volante e a alavanca das mudanças. Na América do Norte, em que a maioria dos automóveis tem caixa automática, ficando sempre uma mão livre para pegar no telemóvel e um pé livre para descansar, pensou-se que tanto faria manusear o telemóvel como falar pelos sistemas alta-voz. Na Europa, seria diferente. O problema estaria no manuseamento do aparelho, que ocupa uma mão necessária à condução. Bastaria pois proibir o uso de telemóveis, podendo permitir-se os sistemas 'mãos livres'.
Foi um engano. Um novo estudo acabado de publicar no 'Journal of Experimental Psychology: Applied' (14/04) mostra que, mesmo com os sistemas 'mãos livres', a conversação por telemóvel reduz significativamente a capacidade de reacção dos condutores.
Frank Drews, um psicólogo de Utah, e a sua equipa compararam os erros e falhas de condutores em conversa com um passageiro e em conversa telefónica em alta-voz. Segundo relataram, "um passageiro adiciona um segundo par de olhos e ajuda o condutor". Mas uma conversa ao telemóvel, portanto com uma pessoa que nãa percebe o que se está a passar na viatura e não abranda o diálogo em momentos de conduçãomais difíceis, distrai perigosamente o condutor.
O estudo mostrou que a probabilidade de fazer uma mudança inadvertida de faixa, por exemplo, não aumenta quando o motorista começa a falar com um passageiro, mas sobe para quase o dobro quando está ao telemóvel. A capacidade de se manter em distância uniforme à viatura da frente não sofre com o diálogo com um passageiro, mas reduz-se bastante com o uso do telemóvel.
Quantificando o conjunto de resultados, os investigadores afirmam que conversar ao telemóvel é tão perigoso como conduzir ligeiramente embriagado. Equivale a um nível de álcool no sangue de 0,8 g/l, portanto bem acima do limite legal.
Se conduzir não beba. Nem fale ao telemóvel.
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sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Mais uma trapalhada com radares

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Prefeitura cancela contrato com empresa que opera 88 radares na cidade
RJTV

RIO -A Prefeitura do Rio de Janeiro cancelou nesta quinta-feira o contrato com a empresa Perkons, que opera 88 lombadas eletrônicas na cidade. De acordo com o prefeito Cesar Maia, a operadora estava cobrando um gasto extra de R$ 20 milhões pelo serviço. Um em cada três aparelhos é operado pela empresa Perkons, que havia renovado um contrato de R$33 milhões com a prefeitura. O negócio está sendo investigado pela controladoria do município. Há dois anos, o valor pago pela prefeitura era de R$13 milhões.
O presidente da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET-Rio), Marcos Paes, diz que assinou o novo contrato orientado por um parecer técnico do então coordenador de fiscalização do órgão, Alexandre Sansão. Indicado para ser o futuro secretário de Transportes, Sansão confirma o estudo, mas alegou que a decisão final de assinar foi de Marcos Paes. Lombadas continuarão funcionando, garante prefeitura
Apesar do cancelamento do contrato, segundo a prefeitura, as lombadas eletrônicas continuarão funcionando. O prefeito quer saber se houve necessidade do gasto extra.
"A auditoria procura identificar se esses acréscimos que geram receita para a prefeitura e ônus para a população foram tecnicamente decididos. Se foram tecnicamente decididos, enfim, é uma questão de segurança no trânsito. Se não foram, esse cancelamento do aditivo vai ser permanente", afirmou Cesar Maia.
A Perkons informou que ainda não foi notificada sobre o cancelamento do contrato e não antecipou se vai desligar as lombadas eletrônicas.
A prefeitura ainda investiga se a Perkons pagou viagens internacionais a servidores municipais ligados à Secretaria Municipal de Transportes. A empresa nega a denúncia. Ao todo são 261 equipamentos de controle de trânsito espalhados pelas ruas da cidade.
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quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

O que nos espera ? evitemos isto em Lisboa.

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Denúncias apontam que radares estão adulterados
JB Online

RIO - Depois de receber denúncias de que alguns pardais na cidade estariam "viciados", o presidente da Comissão Antipirataria da Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), deputado Dionísio Lins (PP), entra nesta terça-feira com uma ação no Ministério Público responsabilizando criminalmente a empresa detentora da instalação dos equipamentos e os funcionários da prefeitura beneficiados. A denúncia aponta possíveis danos causados a inúmeros motoristas. Ele pede também na ação que o MP apure com urgência e rigor, o nome dos três funcionários favorecidos pela empresa com viagem para o exterior, divulgando-os o mais rápido possível.
De acordo com Dionísio, a denúncia diz respeito à possibilidade de alguns pardais estarem irregulares.
- Por exemplo, no local onde o motorista lê na placa a velocidade de 60km, na realidade esse equipamento estaria regulado pela empresa para fotografar quando o veículo atingisse 50km e não 60km - explica.
O parlamentar disse ainda que, para saber se a denúncia recebida procede, vai solicitar ao MP que realize uma verificação, juntamente com membros da Comissão e o Inmetro, de todos os pardais que estão sob a responsabilidade dessa empresa, cujo nome não foi revelado.
- Punir o erro praticado, o abuso de velocidade, é uma coisa. Agora, multar indiscriminadamente para gerar receita, criando o famoso caixa dois, é completamente inaceitável e absurdo - reclama.


Receita com adulteração de radares é investigada
Eloisa Leandro, JB Online

RIO - Um dia depois de o prefeito Cesar Maia anunciar o suposto envolvimento de dois funcionários da Secretaria Municipal de Transportes num esquema de fraude de radares da cidade, o presidente da Comissão Antipirataria da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Dionísio Lins, entrou nesta terça-feira com uma denúncia crime no Ministério Público Estadual. O parlamentar pede rigor na apuração na fiscalização na instalação de pardais e lombadas eletrônicas e na aferição dos equipamentos. Lins garante ter recebido denúncias de que três funcionários adulterariam a velocidade permitida de radares para gerar volume de multas e receita.
O montante arrecadado pelo esquema fraudulento é investigado ainda pela Controladoria Municipal. O prefeito Cesar Maia preferiu não revelar o nome dos funcionários e da empresa até o término da auditoria, instaurada na última segunda-feira. Três funcionários concursados da prefeitura são acusados de viajar para os Estados Unidos com as despesas pagas pela empresa responsável pela instalação dos radares. Os funcionários ocupavam cargos de diretoria.
- A probabilidade é grande do envolvimento entre as empresas de pardais e lombadas com esses funcionários. Mas, ainda não podemos afirmar nada, antes que a auditoria termine – disse o prefeito.
O parlamentar disse que teve informações, embora não tenha certeza, de que os recursos gerados por multas no Rio são divididos em 60% para a empresa e 40% para o cofre público. A assessoria da Secretaria Municipal de Transportes não confirma os percentuais e desmente a versão do prefeito de que dois funcionários teriam sido afastados dos cargos.
- Os pardais estão sendo adulterados. Fui alertado que alguns equipamentos, cuja velocidade máxima é de 60km, estão multando com 50km. Isso é muito grave, muitas pessoas estão sendo prejudicadas. Pedi rigor na fiscalização e que o Ministério Público peça uma fiscalização, incluindo a aferição dos pardais e das lombadas eletrônicas – explica o deputado, não descartando a possibilidade de funcionário do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro) estarem envolvidos no esquema, já que o órgão é responsável pela aferição dos equipamentos.
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NÚMERO DE RADARES E LOMBADAS AUMENTOU 266% NAS RUAS DO RIO

O Rio se transformou num ‘campo minado’ para os motoristas. Levantamento feito por O DIA mostra que só nos últimos dois anos o número de pardais e lombadas instalados nas ruas da capital aumentou 266%. Em 2006, o trânsito na cidade era vigiado por apenas 78 equipamentos eletrônicos. Atualmente existem 286 aparelhos espalhados pelo Rio.
Desde janeiro já foram instalados 105 novos aparelhos. Em 2007 a Secretaria de Transportes instalou outros 103 radares, muito mais do que o número de equipamentos em funcionamento até então (78).
Com tantos pardais nas ruas, a arrecadação da Prefeitura com o pagamento de multas também aumentou. Em 2007, os cofres públicos do município foram abastecidos com R$ 55.640.768,83. Este ano a arrecadação saltou para R$ 69.374.262,96, R$ 13.733.494,13 a mais.
Segunda-feira o prefeito Cesar Maia levantou suspeitas sobre o excesso de radares instalados na cidade. Segundo ele, dois funcionários que já foram exonerados participariam de esquema para beneficiar empresas que operam os aparelhos. Eles teriam até viajado para os Estados Unidos às custas das empresas. Autor do projeto de lei que determina o desligamento dos aparelhos instalados em áreas de risco do Rio durante a madrugada, o vereador Charbel Zaib ficou revoltado com a revelação. “Isso é a prova de que estávamos certos quando falávamos sobre a indústria das multas”.
Irregularidades na aplicação das multas pelos radares também serão investigadas pelo Ministério Público. Ontem, o deputado Dionísio Lins (PP) entrou com uma ação contra as empresas que operam os aparelhos, que, segundo denúncias encaminhadas à Comissão Antipirataria da Alerj, estariam “viciados”. “Em ruas onde o limite de velocidade é de 60km/h, os equipamentos estariam multando quem passa a 50 km/h.”

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terça-feira, 9 de dezembro de 2008

E os radares contra a corrupção ?

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Agora que parecem estar a regressar os fundamentalismos e as tentativas de proliferação dos radares em Lisboa sugiro a leitura desta notícia, no DIAONLINE do Brasil.

Os 200 radares no Rio de Janeiro converteram-se em arma de arremesso entre os partidos por entre suspeitas de corrupção. O Presidente cessante acusa dois funcionários da Perfeitura de terem instalado radares por todo o lado em claro favorecimento dos fornecedores que lhes pagavam viagens aos Estados Unidos.

Espero que por cá impere o bom-senso para evitarmos cair no mesmo tipo de imbróglios enquanto isso ainda é possível.

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quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

A alternativa mais barata ao GPS

Diário Económico
04.12.2008


Por tudo o País, que sejam conhecidas, existem 46 câmaras fixas e 700 câmaras móveis, números que José Sócrates já disse que pretende aumentar. Em resposta, os condutores investiram nos sistemas de navegação portátil (GPS) que chegam a custar mais de 500 euros.

A Inforad, empresa que comercializa dispositivos GPS e localizadores de câmaras de controlo de velocidade, chegou a Portugal na semana passada e promete revolucionar o mercado de GPS. Porquê? “Simplesmente porque somos uma alternativa mais barata mas eficiente aos equipamentos normais de GPS que têm esta funcionalidade [localização de radares], pois os nossos equipamentos custam a partir de 50 euros”, explica Sérgio Correia da Silva, director da Newlemix, distribuidor da Inforad em Portugal.

O modo de funcionamento dos equipamentos da Inforad é simples. Basta actualizar a base de dados através do ‘site’ de Internet, ligar o equipamento e os condutores são avisados através de alarmes luminosos e sonoros quando se aproximam de um radar. “O sistema é 100% legal porque apenas utiliza tecnologia GPS, o que permite localizar através de uma base de dados um radar”, acrescenta o mesmo responsável.

Em todo a Europa, a Inforad acredita vender 500 mil equipamentos, só em 2008, “um valor que asseguram ser superior a qualquer um dos concorrentes”, diz Sérgio Correia da Silva com base nos dados obtidos através dos fabricantes de componentes.

Apesar de ser um localizador de radares mais barato que os outros GPS, Carlos Martins, director-geral da Garmin, acredita que estes não vão retirar quota de mercado à empresa. “O conceito destes dispositivos GPS é diferente dos nossos equipamentos pois não definem rotas”, refere. Opinião partilhada pela Blaupunkt, que defende que “a fatia de consumidores que adquire um GPS apenas por este avisar a localização dos controlos de velocidade é bastante pequena”.

Apesar da actual crise económica a Inforad estima vender 20 mil unidades no primeiro ano (até Novembro de 2009). Carlos Martins, da Garmin, explica que se sentiu uma transferência na escolha de produto. “Enquanto que há algum tempo vendíamos mais os equipamentos topos de gama, agora vendemos mais os modelos de entrada de gama, com preços a partir de 99 euros. Este ano, já vendemos cerca de 40 mil unidades, em Portugal”, refere a Garmin. A Blaupunkt já comercializou cerca de 8.200 unidades. A TomTom, que não divulga dados por países, refere já ter vendido 18 milhões de unidades na Europa.