domingo, 31 de agosto de 2008

Mais de 40 mil cartas de condução à espera de serem emitidas

Público, 31.08.2008

IMTT, que em Julho previa ultrapassar o problema dos 73 mil títulos em falta no prazo de 15 dias, diz agora que a emissão das cartas "tem vindo a ser resolvida"
Mais de 40 mil pedidos de renova-ção e de novas cartas de condução continuam à espera da digitalização da fotografia do condutor e da sua assinatura para poderem ser emitidas. Confrontado pelo PÚBLICO, o Instituto da Mobilidade e dos Transportes Terrestres (IMTT), que em finais de Julho previa resolver o problema da falta das 73 mil imagens em 15 dias, diz agora que o "atraso na emissão das cartas de condução tem vindo a ser resolvido". Não desmente que há mais de 40 mil pedidos à espera das respectivas digitalizações, mas também não precisa números. Na base do problema está uma mudança na organização do serviço, já que a digitalização que até meados de Junho era feita por uma empresa (a Microfil) passou a ser efectuada directamente pelo IMTT, que adquiriu scanners para esse efeito. A transição deixou, contudo, parado parte do processo de emissão de cartas de condução durante 17 dias. Isto porque a Microfil deixou de receber documentos para digitalizar a 19 de Junho e o instituto só começou a fazê-lo a 8 de Julho. A totalidade dos serviços regionais e distritais só está equipada com scanners desde a terceira semana de Julho, adianta o próprio IMTT. Neste momento, o organismo garante que a digitalização dos formulários com assinatura e fotografia "está em ritmo de cruzeiro, sem estrangulamentos". Teresa Casal Ribeiro, responsável pelo departamento de informação pública da instituição, especifica, numa nota enviada ao PÚBLICO, que o tratamento dos pedidos está a ser desenvolvido com recursos a meios próprios e também externos, contratados a partir de Junho, estando a assistir-se a uma "recuperação evidente de atrasos". Mas não refere o facto de, em 24 de Julho, o IMTT ter previsto recuperar o atraso em 15 dias, com a digitalização de 5000 pedidos por dia. Problemas de capacidade no novo sistema informático que suporta os processos de condutores (SICC), introduzido em 15 de Março, também explicam a situação. O IMTT sustenta, no entanto, que o sistema "superou as dificuldades iniciais e apresenta desde Julho uma performance satisfatória, proporcionando bom rendimento de trabalho". "As imagens estão a ser enviadas on-line para uma equipa contratada para controlo de qualidade e indexação das imagens aos processos dos condutores, estando ultrapassadas, desde o início de Agosto, insuficiências de capacidade do sistema informático do IMTT que suporta esta actividade", afirma Teresa Casal Ribeiro. Na resposta, a responsável do IMTT, adianta que esta equipa foi reforçada em meados de Agosto com um segundo turno, tendo acelerado o tratamento das muitas imagens já produzidas pelos serviços. O instituto assegura igualmente que, depois da qualidade controlada, as imagens estão a ser enviadas para a Imprensa Nacional-Casa da Moeda "sem estrangulamentos". Este organismo emite depois as cartas e envia-as por correio para os seus requerentes. "Tudo faz crer que em Outubro os prazos de entrega de cartas de condução possam cair para três semanas, correspondendo aos objectivos estabelecidos pelo IMTT", diz o instituto. Em Junho passado, o tempo médio de resposta situava-se nos 44 dias, bastante acima da média do ano passado - 23 dias.

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Falhas põem os radares em xeque

Jornal da Cidade de Bauru
27.08.2008


Faixas de trânsito sem monitoramento, defeitos na medição e erros na operação formam ‘roleta russa’ nas ruas.
O funcionamento de radares e lombadas eletrônicas em Bauru não trata todos os motoristas com igualdade, não monitora todas as faixas das vias e permite a operação com falhas gritantes no sistema e nas instalações. O monitoramento eletrônico de velocidade, implantado no município em meados do ano 2000, deixa graves brechas que colaboram com a impunidade e desconsidera a aplicação de isonomia entre os que circulam pelas principais vias da cidade.

O JC apurou a fragilidade na operação, na forma de instalação e obediência ao contrato de monitoramento através do acompanhamento técnico e do funcionamento do sistema nos últimos 20 dias. As questões levantadas na reportagem foram informadas à Emdurb na última sexta-feira, um dia depois da mudança efetuada em equipamentos em razão do sistema de rodízio, onde cinco radares funcionam ao mesmo tempo, em detrimento a outros 12 que permanecem desligados.

Radares de mentirinha

A maioria dos bauruenses sabe que os radares fixos funcionam em sistema de rodízio em Bauru. O problema é que a escolha pela forma de instalação dos equipamentos contratados é falha, permitindo a identificação dos endereços que participam do sistema e dos que estão completamente desligados, servindo de verdadeiros ´espantalhos´ nas ruas.

Dos 17 pontos de radares fixos existentes, em 11 deles a Emdurb não instala componentes como flash e câmeras (conjuntos óticos). Nesses locais, significa que a política de gestão pública de monitoramento do trânsito escolheu instalar apenas postes, os ´espantalhos´ do trânsito.

Um exemplo: até a quinta-feira da semana passada apenas o radar da quadra 46, sentido bairro-Centro, da avenida Nações Unidas estava em condições de flagrar infratores. Os equipamentos das quadras 42 e 35, por exemplo, eram apenas ‘espantalhos’.

Antes do final de semana, a Emdurb retirou o conjunto de flashes e câmeras da quadra 46 da avenida, lado ímpar, e o deslocou para a quadra 35, no mesmo sentido.

Independentemente do funcionamento por rodízio, a resolução da questão é objetiva: instalar conjuntos óticos em todos os radares a fim de impedir pelo menos que o motorista saiba quando um equipamento está ou não em operação. Nem se discute aqui a possibilidade de identificar a homologação através do Instituto de Pesos e Medidas (Ipem) e a verificação dos leds (luz) acesos.

Erro de operação

A Diretoria do Sistema Viário (DSV) da Emdurb escolhe quem deve ser flagrado na quadra 17 da avenida Nações Unidas, lado par, sentido Centro-bairro. Em detrimento ao princípio da isonomia na aplicação das regras de trânsito, o radar instalado neste endereço não registra a velocidade daqueles que trafegam pela terceira pista, à direita, próximo ao posto de combustível.

Ao invés de fazer cumprir todas as exigências estabelecidas pela própria Emdurb no item 1.3.1 do edital de licitação, a situação permite que a locadora dos equipamentos opere com duas câmeras e dois flashes para uma via com três faixas de trânsito.

Mas o contrato estabelece que devem ser monitoradas as vias em intervalo mínimo de 0,5 segundo em todas as faixas, inclusive com dispositivo antiofuscante para operação noturna.

Privilégio para motos

O registro de velocidade adotado em Bauru permite que motos não sejam registradas em bem mais da metade da área útil da pista onde estão tanto radares quanto lombadas.

A área de sensores, chamada de laços e instaladas em material de cobre no asfalto, abrange não mais que 70 centímetros em cada faixa. Em um ponto da Nações Unidas, por exemplo, a via está descoberta de qualquer registro de velocidade para motos em mais de 70% da largura de 8,20 metros (conforme croqui do edital). Isso permite a infratores potenciais fugir do monitoramento.

Em algumas cidades, a extensão dos laços de cobre abrange quase toda a largura. Mas a Emdurb alega que esse sistema gerava muitas perdas de registro até o ano passado, quando a empresa optou por reduzir a área dos sensores apenas para espaços na pista - laços de cobre mais grossos e curtos impediriam repiques (conflitos de registro de velocidade).

Defeito nas lombadas

A escolha por áreas de laços instalados no piso sem cobertura de toda a largura da pista (gerando ‘buracos’), associada a outros fatores técnicos, gera um problema não menos grave: o registro de velocidade não ocorre quando os pneus dos carros tocam, ao mesmo tempo, os laços (cobres) das duas faixas da pista. Ou seja, é possível passar pelas lombadas sem registro de velocidade.

A confirmação da falha no sistema, talvez provocado pelo conflito entre os dados que chegam às CPUs, pode ser feita facilmente nas lombadas tanto da avenida Nações Unidas quanto da rua Wenceslau Braz. Detalhe: na rua da Vila Falcão, a lombada, desde a origem, é verdadeiro obstáculo na pista e a demarcação de taxões na rua deixa um vazio nas laterais.

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Posição da Emdurb

Os equipamentos e o sistema de medição eletrônico de velocidade em Bauru são inspecionados pelo Ipem. Assim, todas as alterações de formatos de laços no piso e todas as trocas de equipamentos em função do rodízio precisam passar obrigatoriamente pela avaliação do órgão.

O contrato inicial firmado pela Emdurb com a prestadora de serviços, entretanto, limita o rodízio para vias com quatro conjuntos óticos (nos dois sentidos) e com dois equipamentos em não mais que 9 e 20 modificações, respectivamente.

Outro problema é de acabamento. Em vários dos pontos pesquisados pelo JC, os laços de cobre estão expostos na pista e os cordões de proteção soltos. O presidente da Emdurb, Carlos Barbieri, prometeu verificar a situação e corrigi-los.

Quanto às falhas e incongruências levantadas, o presidente da empresa considerou que as questões não geram a necessidade de intervenção. Barbieri também defende o fim do rodízio e considera que o mecanismo mais eficiente é o que permite o funcionamento 24 horas de todos os pontos de fiscalização. “Não tem nada de ilegal. Os equipamentos estão dentro das normas legais e homologados e eu não vejo ilegalidades. O rodízio é falho, mas foi feito assim desde o início. Eu defendo funcionar em todos os pontos. O que foi levantado não gera problemas na fiscalização. Não vou mudar nada”, resumiu.

O diretor do Sistema Viário, Nelson Lira, foi convidado a percorrer os pontos e discutir os problemas com a reportagem, mas preferiu não se manifestar.

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Mais uma notícia sobre o "mau ambiente", e as trapalhadas, que a proliferação de radares de trânsito no Brasil vem provocando

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Saldo líquido nas estradas

Público 11.08.2008

O Ministério da Administração Interna quer reduzir, até 2015, para "menos quinhentos por ano" o número de mortes nas estradas, para Portugal ficar entre os dez países da União Europeia com menores índices de sinistralidade rodoviária.

"Lancei o desafio de em cinco anos procurarmos atingir o número de menos quinhentos mortos por ano nas estradas portuguesas", disse em resposta à agência Lusa o ministro da Administração Interna, em Torres Vedras. Para o governante, trata-se de uma "meta difícil, mas possível", adiantando que "está ao alcance se nos esforçarmos muito e trabalharmos bem".

Rui Pereira recordou que, em 2001, quando foi secretário de Estado da pasta, foi lançado o objectivo de "em cinco anos termos menos de mil mortos nas estradas portuguesas e conseguimos". O ministro revelou que no primeiro semestre deste ano o número de mortos reduziu para menos nove por cento, pelo que "o resultado global é melhor do que no ano passado". Todavia, "nos primeiros dias de Agosto, o número de mortos foi superior ao ano passado, portanto tratou-se de um mau resultado", frisou.

Olhando para "períodos mais amplos", o titular da pasta da Administração Interna sublinhou que a sinistralidade rodoviária tem vindo a diminuir nos últimos anos nas estradas portuguesas. As estatísticas de 2006 e 2006 apontam, respectivamente, para 850 e 854 mortos em todo o país, quando na década de oitenta os números eram superiores a 2600 mortos por ano, devido a acidentes de viação.

Agravamento das penas
Rui Pereira atribuiu esta melhoria às alterações feitas no código da estrada, que vieram tornar mais célere o processos de contra-ordenações, e no código penal que foram introduzidas "no sentido do agravamento" das penas. "A pena acessória de inibição de conduzir foi agravada e passou a ter um máximo de três anos", exemplificou, assim como as manobras perigosas passaram a ser crime. Rui Pereira especificou que o crime de condução sob influência do álcool passou também a ser fiscalizado desde 2007.

Para as estatísticas, contribuíram também as campanhas de prevenção da segurança rodoviária e o reforço das acções de fiscalização por parte das forças de segurança, que o Ministério da Administração Interna vai "continuar a apostar".

Rui Pereira falava aos jornalistas, em Torres Vedras, no final da apresentação da campanha de prevenção da sinistralidade rodoviária para o distrito de Lisboa "Não jogue com a sua vida", que foi lançada pelo Governo Civil em colaboração com o Ministério da Administração Interna. Esta campanha de prevenção pretende apelar à responsabilidade dos condutores e assim contribuir para a redução dos acidentes com mortos e feridos graves, com o intuito de reduzir o número da sinistralidade nas estradas.

Em 2007, ocorreram em todo o distrito 6951 acidentes graves, dos quais resultaram 105 vítimas mortais e 484 feridos graves, número que a Governadora Civil de Lisboa, Dalila Araújo, disse estar a diminuição desde 1998, quando ocorreram "10789 acidentes graves com 242 mortos".

Público, 11.08.2008

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O ministro Rui Pereira é tão eficiente que agora, para além de morrerem muito menos em acidentes nas estradas, até nascem muito mais nas ambulancias em plena estrada.Sugiro que os nascimentos sejam deduzidos ao número de mortos para passarmos a ter o "saldo líquido nas estradas".

domingo, 10 de agosto de 2008

Condutor circulou em contra-mão na A8 durante 15 minutos

Público, 10.08.2008

Um condutor circulou esta manhã durante cerca de 15 minutos em contra-mão na Auto-Estrada 8 (A8), acabando por se despistar e provocar danos materiais, disse à Lusa fonte da Brigada (BT) de Trânsito da GNR.

De acordo com a mesma fonte, o incidente, que ocorreu cerca das 07h30, terminou na zona do nó de acesso da Tornada, próximo das Caldas da Rainha, "com o despiste do infractor, que apenas provocou danos materiais".

A BT disse à Lusa que está a aguardar mais dados sobre este incidente, nomeadamente a idade do condutor e os motivos que o levaram a circular em contra-mão.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Uma iniciativa imbecil


CALDAS DA RAINHA Até ao final do Verão, em seis rotundas das Caldas da Rainha, Alcobaça, Leiria, Marinha Grande e Pombal, vão ser expostas esculturas de grandes dimensões para lembrar que ‘Distracções Provocam Colisões’. A mais recente campanha de sensibilização rodoviária do Governo Civil de Leiria alerta para os perigos do consumo de álcool, tabaco e uso de telemóvel durante a condução. Criadas e preparadas por reclusos do Estabelecimento Prisional Central Especial de Leiria, as esculturas têm cerca de três metros de altura e são feitas em esferovite, representando uma garrafa, um maço de tabaco e um telemóvel colididos por automóveis sinistrados. No âmbito desta iniciativa foram ainda produzidos diversos materiais promocionais, como cartazes, postais, autocolantes, «T-shirts» e bonés.

Expresso, 02.08.2008
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Em suma, quem não se distrair com o seu próprio telemóvel sempre se pode distrair, e até colidir, com estas esculturas colocadas num dos locais de circulação mais difícil, as rotundas. Gostava de saber quem foi o autor da ideia para lhe dar os "parabéns"

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terça-feira, 5 de agosto de 2008

Menos 50 mortos nas estradas nos primeiros sete meses deste ano (mesmo sem radares)

Público, 02.08.2008


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Menos 50 mortos e menos 367 feridos graves é o balanço das consequências dos acidentes rodoviários registados desde o início do ano em todo o território continental, em comparação com os números do mesmo período de 2007, indicam dados oficiais ontem tornados públicos.
De acordo com as estatísticas da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária, entre um de Janeiro e quinta-feira 31 de Julho morreram nas estradas do continente 413 pessoas, enquanto que no mesmo período do ano passado o número de vítimas mortais atingiu as 463.
Quanto aos feridos graves foram registados nos primeiros sete meses deste ano 1.410 casos, enquanto que em 2007, no mesmo período, foram contabilizados 1.777 situações.
Em relação aos feridos ligeiros, os números divulgados pela Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária mostram igualmente uma redução do número de vítimas. Este ano o total atingiu aos 22.294, o que corresponde a menos 2.215 do que no ano passado. Por distritos, desde Janeiro, Lisboa acumulou o maior número de mortos (55), seguido do Porto (52) e de Aveiro (44). No lado oposto da tabela surgem Portalegre com quatro mortos, Vila Real com seis e a Guarda com sete.
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Como vem acontecendo nos últimos anos, mesmo sem radares, a nossa sinistralidade reduziu-se de forma notável. Há que insistir nos factores de redução actuais em vez de fazer investimentos de consequências desconhecidas.