sábado, 8 de setembro de 2007

As verdadeiras causas dos acidentes (7)

Diário de Notícias
7 Setembro 2007



Excesso de horas a conduzir, cansaço, sonolência e adormecimento ao volante são as principais causas dos acidentes de viação ocorridos no transporte de mercadorias e que nas estradas portuguesas provocam, em média, a morte de um motorista por mês, denuncia a Federação dos Sindicatos de Transportes Rodoviários e Urbanos (Festru). Na quarta-feira morreram mais dois. Indignados, os sindicatos exigem às autoridades "mais fiscalização para evitar a pressão dos empresários do sector, que levam os motoristas a trabalhar mais e a não descansar".Vítor Pereira, dirigente da Festru, esclareceu ao DN que "nessa média de um morto por mês não estão incluídos os feridos graves que depois acabam por morrer no hospital nem os motoristas portugueses que morrem em serviço no estrangeiro".Quanto à colisão frontal entre dois camiões, que ocorreu quarta-feira em S. João da Madeira, o sindicalista considera que "um dos motoristas deve ter adormecido ao volante e ocupou a via de sentido contrário, onde seguia o outro veículo pesado".Essa suspeita é reforçada por pistas detectadas no local. Segundo soube o DN junto de fonte ligada ao processo de averiguações do acidente, não havia vestígios de borracha de pneus no asfalto, indiciando que o condutor do pesado que se despistou não terá tentado travar nem reagido para tentar voltar à sua via de rodagem e evitar a violenta colisão.O sindicalista denuncia que "no sector de transportes de mercadorias as ilegalidades são muitas, praticando-se cargas horárias muito elevadas". Exemplificou ao DN que "as empresas pagam salários baixos, que aumentam com ajudas de custo consoante os quilómetros percorridos ou a tonelagem transportada"."São formas de pressionar os motoristas a abdicar dos seus períodos de descanso e a trabalhar mais para poderem ganhar mais", salientou o sindicalista. Referiu que, "para iludir as autoridades, por vezes fazem desaparecer o disco do tacógrafo para não se poder controlar os períodos de condução em excesso".A Festru já solicitou uma audiência com o Presidente da República "para apresentar documentação que comprova várias ilegalidades".

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