segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Andar mais devagar também tem um preço

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Ao contrário do que pretendem fazer crer andar mais devagar também tem um preço.

É óbvio que a paragem de todos os veículos redundaria no nível zero de acidentes mas será que tal é socialmente viável ?

É preciso ter a noção de que, num país como o nosso, baixar a velocidade média de circulação, por hipótese, de 60 para 50 km/h corresponde a desperdiçar cerca de 14 milhões de dias/homem por ano dentro dos veículos o que pode ser avaliado em cerca de 550 milhões de euros (ver AQUI os cálculos).

Esses milhões de dias/homem que não serão usados para trabalhar, ou estudar, ou acompanhar idosos e filhos, ou para ler, têm um custo social enorme. Os projectos que não se realizam, os médicos que não se formam, os filhos que não têm o acompanhamento devido podem, inclusivamente, custar muitas vidas humanas.

Curiosamente ninguém estuda estas consequências. Os "especialistas" sabem na ponta da língua quais as consequências de chocar contra uma parede a 80 em vez de 50 km/h mas não nos sabem dizer quais são as consequências sociais de todos andarmos mais devagar. Argumentam como se esse preço social não existisse e o problema dos acidentes fosse um mero exercício de mecânica. Como se todos os desenvolvimentos tecnológicos nos transportes, que criaram a nossa civilização, tivessem sido meros diletantismos.

O objectivo das políticas de prevenção não deverá portanto ser "zero acidentes a qualquer custo" mas sim a máxima mobilidade dentro de níveis aceitáveis de sinistralidade.
O objectivo não é levar todos a andar mais devagar mas sim criar condições para que todos andem mais depressa com menos riscos.

5 comentários:

Anónimo disse...

Este comentário é um bom ponto para se discutir. Creio que a grande maioria das paessoas quando excede concientemente o limete de velocidade fa-lo exactamente pelos motivos enumerados, no entanto esta é a desculpa facil.
Tenho que acelarar para não chegar atrasado ao trabalho, ou tenho que me despachar para ir buscar os miudos ao infantário são algumas dasa frases que se ouvem de pessoas que conscientemente excedem os limites de velocidade todos os dias. Dando o exemplo (estrangeiro) que conheço melhor, a Holanda. É um pais onde as velocidades são muito mas mesmo muito controladas ainda hoje haviam mais de 400km de filas espanhadas pelo país (algumas autoestradas chegavam aos 28km), no entanto á muito que as autoridades chegaram á conclusão que a melhor forma de prevenir acidentes graves seria diminuir os limites de velocidade (120 en auto estrada qeu por vezes passa a 100 ou até mesmo a 80 com muito trafego). Não é devido ao fato de as pessoas passarem muito tempo dentro dos carros que a economia Holandesa perde milhoes de euros, muito pelo contrario, é neste momento das mais fortes da Europa e continua a fortalecer-se de ano para ano. A diferença aqui é que o trabalho que demora um português 10h (no trabalho) para fazer um Holandes faz em 7h para poder ir cedo para casa para junto da familia. Trata-se de um dos paises com maior nivel de produtividade, comparativamente com Portugal que é um dos paises europeus com um dos piores niveis de produtividade.
Isto é um problema cultoral que é maior que as velocidades permitidas. O argumento que o sr.Penim é baseado em permissivas erradas, em vez de aumentar os limites de velocidade porque não fazer menos pausas para o café? ou reduzir um pouco a hora do almoço? Ou utilizar os transportes publicos?,etc. São ideias igualmente válidas...

F. Penim Redondo disse...

O argumento apresentado por mim não tem nada a ver com a produtividade do trabalho.

Seja qual for a produtividade num dado país é incontestável que as horas passadas ao volante não são passadas a trabalhar, estudar ou a dar assistência à família.

Quanto ao exemplo da Holanda convém dizer o seguinte:

- Já eram muito ricos (por herança das gerações passadas) quando decidiram controlar as velocidades.
Podem dar-se ao luxo, ao contrário dos portugueses, de viver dos rendimentos veremos até quando.

- Se estão a enriquecer ou a empobrecer, em termos relativos, é coisa que veremos no futuro. De qualquer forma não enriquecem enquanto estão ao volante, disso tenho a certeza.

Anónimo disse...

Pelo o seu argumento devo depreender que para si é mais importante o pais fazer alguns minhões do que poupara vidas, isso para si pode ser aceitavel, eu não acho que sacrificar vidas (ínclusive as das passoas que sobrevivem a acidentes mas ficam marcadas para toda uma vida) seja aceitavel em prol de diminuir o tempo de deslocação quanto existem tantas outras formas de se poupar tempo durante o dia a dia.
Quanto a isso de a Holanda ser rica por acção de gerações passadas e de viver de rendimentos é falso e demonstra um completo desconhecimento da história e da evolução europeia dos ultimos 40 anos e do que é hoje a europa.
Para cada pessoa que morre num acidente é menos uma pessoas a produzir riquesa, é mais uma familia fragilizada que possivelmente passará mais dificuldades. Para cada pessoa que fica numa cadeira de rodas, numa cama ou que simplesmente fica traumatizada de um acidente são mais custos para o estado (monetários) e custos sociais para a sociedade (se quer ver a coisa pelo lado dos custos).
Eu não acho que seja admissivel que as pretenções igoistas de alguém possam prevalecer ao bem geral, todos nós queremos passar o minimo tempo possivel em deslocações para passarmos mais tempo com a nossa familia, no trabalhos, com os amigos etc, mas um dia acontece-nos a nós.
Imagine que vai muito bem e um pneu rebenta, consegue controlar melhor o carro a 50 ou a 80km ou 120?
Mesmo que não é voçe que tem o problema, um outro veiculo perde o controlo e embate contra si, as probabilidades de consequencias graves são maiores a 50, 80 ou a 120km?
Todos nós queremos poupar tempo pois pensamos que só acontece aos outros, até ao dia...

F. Penim Redondo disse...

Como já expliquei a redução das velocidades também provoca mortes.
O maior sedentarismo dos condutores, os doentes que estão em casa e recebem apoio tarde demais, os filhos desacompanhados que adquirem maus comportamentos, os projectos clínicos ou farmaceuticos que se atrasam, etc, etc.

Enquanto não se comparar o número de mortos resultante de andar mais depressa com o número de mortos resultante de andar mais devagar qualquer decisão sobre velocidades é baseada em meros preconceitos.

Anónimo disse...

na holanda, não perca mais tempo. O Penim tem teorias lunáticas que ignoram décadas de relatórios, estudos económicos e análises custo-benefício.

Não se preocupe, a maior parte do resto do mundo que sabe ler e tem uma grama de bom-senso, pensa como você. O Penim acabará a clamar no deserto. Ao menos por lá não será atropelado. Felizmente, porque em democracia, até a asneira é livre.

Miguel Araujo