segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Marialvas do Volante

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O Manuel João Ramos deu uma entrevista à NS' do Diário de Notícias do dia 17 de Novembro (clique nas imagens para ampliar se quer ler).
Por acaso adopta um tom moderado que só com alguma atenção revela, sob a capa, as suas posições fundamentalistas quanto à prevenção dos acidentes rodoviários.

A certa altura, num descuido, resolve qualificar o autor deste blogue como "Marialva do Volante", qualificativo que aplica igualmente a Miguel Sousa Tavares e a Alcino Cruz.
Se pertenço, como ele diz, a uma "espécie em vias de extinção" então acho que devia ser ajudado. Pelo contrário é ele, através da ACAM, que recebe subsídios do Ministério da Administração Interna.
Gostava de lembrar que eu, ao contrário de outras pessoas, não vivo dos acidentes de viação. Sempre tive uma profissão onde não precisava de andar a assustar ninguém para ganhar a minha vida.

As posições públicas que tomo, sobre a sinistralidade rodoviária, têm origem na minha consciência de cidadão.
Não me posso calar quando vejo as autoridades do meu país completamente subordinadas à chantagem psicológica do fundamentalismo.

A recente sucessão de acidentes rodoviários espectaculares está a levar a uma situação em que são as "associações de vítimas" que modelam o discurso político oficial e influenciam a legislação e as práticas repressivas sobre a generalidade dos cidadãos. Como se fosse tolerável subordinar às teses dos familiares das vítimas de crimes quer a investigação da PJ, quer os tribunais quer os legisladores do Código Penal.

A solução para os desgostos e os traumas dos familiares das vítimas não pode ser a culpabilização e o castigo indiscriminado. Isso é o que acontece quando se escolhe as soluções de prevenção rodoviária não por serem eficazes mas por serem penosas para a generalidade dos cidadãos.

Fatalidades acontecem todos os dias e em muitas áreas. Muitas delas são simplesmente inevitáveis. A esmagadora maioria resulta de casos fortuitos. Só um pequeníssimo número resulta de comportamentos assumidamente anti-sociais. É preciso aprender a viver com estes factos.

Acho que o caminho é tentar compreender cada vez melhor aquilo que propicia ou causa os acidentes para os poder prevenir.

Em vez da dramatização e das emoções culpabilizantes devemos apelar à inteligência e ganhar os cidadãos para medidas que racionalmente sejam passíveis de justificação.
Nada será conseguido pela culpabilização geral.

Aqueles que sofreram com a perda de entes queridos, por muito respeito que mereçam, não estarão provavelmente em condições de conduzir tão complexo trabalho.

2 comentários:

Anónimo disse...

Curiosamente o marialva da manipulação da verdade, Manuel João Ramos, até diz algumas coisas interessantes nessa entrevista, pasme-se, algumas até parecem racionais! Estou estupefacto...

Por vezes quase parece uma pessoa normal e bem intencionada... mas, invariavelmente, vem ao de cima a sua faceta traumatizada que o impele para o fundamentalismo e para a total falta de sentido.

Fala muito de desadequação entre vias e meio... bom, a mim parece-me que ele tem uma grave desadequação entre o que diz e o que faz. Defende, no papel, a responsabilização do Estado e entidades várias, mas na prática, só o vejo responsabilizar os condutores e apoiar (ou mesmo impôr) medidas de repressão aos condutores, que não só são ineficazes, como ainda libertam mais os governantes e tais entidades de toda e qualquer responsabilidade... Não faz sentido, a contradição é clara.

Depois, ao que diz, ninguém parece ter a formação ou independência adequadas à implementação ou fiscalização de viaturas, vias/estruturas e condutores... ora, estamos mesmo a ver quem tem a dita formação ou competência... e venham mais tachos e subsídios para os iluminados.

Caro MJR... como vê, nem atirando-nos com breves e raros momentos de lucidez para cima, nos passa a perna... É que mesmo um relógio avariado está certo pelo menos duas vezes por dia, e eu ainda sou apologista dos relógios que funcionam o tempo todo :)

Anónimo disse...

Redondo, porque no te callas?