quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Governo anuncia nova campanha para baixar sinistralidade nas estradas

Público
6 de Novembro 2007






O Governo anunciou hoje uma campanha para diminuir a sinistralidade rodoviária, após uma reunião entre vários departamentos oficiais, na sequência do acidente que ontem envolveu um autocarro e um ligeiro na A23, em Vila Velha de Ródão, e que provocou a morte a 15 pessoas.
Em declarações aos jornalistas, o secretário de Estado da Protecção Civil, Ascenso Simões, revelou que a campanha passará por um reforço da vigilância na estrada, prevendo-se um reforço do controlo da velocidade e dos índices de alcoolemia.Na reunião foi acordada a concessão de uma verba extraordinária de dois milhões de euros para investir em alcoolímetros, radares de controlo de velocidade e sistemas informáticos a utilizar pelas forças de segurança. De acordo com o governante, entre o conjunto de dez decisões que saíram da reunião encontra-se também o controlo de velocidade nas auto-estradas, dado que, como reconheceu depois, a velocidade média da circulação rodoviária poderá estar a aumentar. Além de organismos que integram o Ministério da Administração Interna, no encontro estiveram presentes representantes dos Ministérios da Saúde e das Obras Públicas, incluindo o secretário de Estado desta tutela, Paulo Campos. Ficou ainda acordado que entre 25 de Novembro e 7 de Janeiro, período que abrange as festas natalícias e passagem do ano, a acção das forças de segurança vai ser reforçada, para aumentar ainda mais a fiscalização nesse período. A "fiscalização e a "coacção" a que a GNR e a PSP vão sujeitar os condutores têm como objectivo, justificou Ascenso Simões, a redução do número de mortos na estrada, que está a registar um aumento relativamente à média dos últimos anos. Desde o início do ano e até domingo morreram nas estradas do Continente 711 pessoas (número que não inclui as 15 vítimas do acidente de Castelo Branco), mais 21 do que no mesmo período de 2006, de acordo com dados reunidos pela Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR).Já no dia 18, Dia da Memória, o secretário de Estado disse que vários elementos do Governo vão envolver-se em iniciativas para sensibilizar a opinião pública para a morte diária de pessoas nas estradas. Para controlar a velocidade nas auto-estradas, Ascenso Simões disse que a GNR vai "apostar nos radares".

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Este tipo de decisões tomadas a quente sobre ocorrências dramáticas revela, antes de mais, falta de seriedade. Revela também falta de coragem para aguentar a pressão da comunicação social enquanto se estuda a causa dos acidentes para DEPOIS procurar soluções e tomar decisões. Nunca se trata de estudar as causas dos acidentes mas já se decidiu comprar centenas de radares. Os fornecedores devem estar felicíssimos. Cada morto na estrada é, para eles, dinheiro em caixa.

1 comentário:

Anónimo disse...

Pode-se discutir como minimizar o número de acidentes pela melhoria das infra-estruturas, pelo aumento do policiamento e repressão, pela evolução das atitudes e mentalidades e tudo o mais, mas eles nunca deixarão de ocorrer. O problema é que, quando acontece um acidente sério com um autocarro, as consequências são quase sempre trágicas. E talvez só não ocorram mais pela prudência que, de uma forma geral, os profissionais que os conduzem manifestam.
Porque é que os acidentes de autocarro se tornam tão facilmente em tragédias? Pensemos na evolução na segurança passiva e activa nos automóveis ligeiros nos últimos anos, nas almofadas de ar, nas deformações estudadas das estruturas e tudo o que foi feito para proteger os ocupantes, traduzido nas famosas estrelas NCAP, que se tornaram um argumento comercial fundamental. Que se passa com os autocarros? Alguns terão cintos de segurança, mas até que ponto os assentos se mantêm solidários com a estrutura em caso de acidente? A carroçaria em volta dos passageiros é assustadoramente ligeira e frágil. Comparado com os ligeiros, a diferença é abismal e, no entanto, partilham a mesma estrada e os mesmos riscos.
Pelas dimensões e vocação, será difícil aos autocarros atingirem um nível de segurança passiva idêntico ao dos ligeiros, ou não. Enquanto for uma questão fora da agenda pública, nunca o saberemos. Questão de custo?