quinta-feira, 22 de novembro de 2007

As Causas e os Porquês

.


Em Portugal as entidades oficiais continuam a tratar os acidentes rodoviários numa base descritiva, quer quanto às circunstâncias quer quanto às consequências; se foi colisão ou atropelamento, se foi de noite ou se foi de dia, se as vítimas eram crianças ou idosos, etc.

A busca de soluções para o problema encontra-se por isso enredada em aspectos triviais e emocionais que em nada contribuem para o seu êxito.

A consequência desta falta de informação relevante é a culpabilização indiscriminada dos condutores e a obsessão em reduzir a velocidade de circulação por falta de outras ideias.

É necessário passar para um novo patamar, como já acontece noutros países, em que se trabalha ao nível das causas dos acidentes: a velocidade excessiva, a distracção, a condução sob o efeito do álcool e de drogas, o desrespeito da sinalização ou outras. Também devem ser tidas em consideração as situações em que as causas são indeterminadas ou, sendo conhecidas, não são evitáveis. Há, por exemplo, um número significativo de casos de adoecimento súbito ao volante em que as causas, na ausência de testemunhas, podem ser a posteriori muito difíceis de determinar.O mesmo se passa com os casos de adormecimento involuntário que podem acabar por ser contabilizados como um excesso de velocidade.

Mesmo quando já se determinam e estudam as causas dos acidentes convém ir ainda mais fundo e analisar a razão porque as causas actuaram em cada caso. Exemplifiquemos: dizer que a causa de um determinado acidente foi a distracção é pouco. Do ponto de vista da prevenção é muito diferente a distracção por estar a procurar um telemóvel, ou por estar a fumar, ou por estar olhar para a publicidade afixada na berma da estrada. As medidas preventivas a tomar em cada caso são bastante diferentes.

Também não basta dizer que um determinado acidente se deveu a velocidade excessiva; foi por pressa ? foi por gostar de rodar a alta velocidade ? foi por inépcia do condutor ? essa velocidade resultou excessiva porque o condutor foi posto perante uma situação inesperada ? a sinalização deveria ter evitado essa surpresa ? a surpresa resultou do comportamento anormal de um peão ? o condutor adormeceu ou faleceu ao volante ? e por aí fora.

Em cada caso é necessário determinar em que medida "contribuiram" para o acidente: a estrada, a meteorologia, os veículos, a intensidade do tráfego e o comportamento dos seres humanos envolvidos.

O objectivo é procurar determinar em que planos e de que forma podemos aumentar a probabiliade de os julgamentos humanos, que a condução pressupõe e exige, serem os mais adequados em cada circunstância. Esses julgamentos humanos não podem materialmente ser, mesmo que tal fosse desejável, alguma vez substituídos pelo medo imposto por qualquer sistema de controle.

1 comentário:

Anónimo disse...

Eu proponho algo de mais radical.

Programe-se um limitador na gestão electrónica dos motores de modo a que estes cortem a admissão a partir dos 50/80 na cidade, 90 na estrada e 120 na auoestrada. Importavamos menos combustível e poluiamos menos o ambiente.

E aos culpados de acidentes tire-se-lhes a carta para sempre...e confisque-se-lhes o carro. E se o acidente for grave (envolvendo terceiros) prendam o condutor uns 2 ou 3 anitos.

Muito liberdade dá nisto...passámos do 8 para o oitenta. E infelizmente já é tarde para torcer o pepino.