sábado, 9 de fevereiro de 2008

Condutor de acidente mortal na A6 tinha sido detido com carta falsa e libertado

Jorge Silva Tavares, o condutor do automóvel Renault Laguna que se despistou no passado domingo na A6, cerca das 9.30 horas, entre as localidades de Vendas Novas e Montemor-o- -Novo, causando a sua própria morte e a de dois filhos menores, tinha sido detido pela GNR menos de quatro horas antes do acidente, por ter apresentado uma carta de condução falsa quando foi fiscalizado. Foi libertado e notificado para comparecer em tribunal no dia seguinte. A sua mulher guiou o carro, à saída do posto da GNR de Elvas, e sobreviveu ao acidente. Estava no "lugar do morto".

A operação realizada por militares do posto territorial de Elvas da GNR, na madrugada e manhã de domingo, era de rotina, na fronteira do Caia. Jorge Tavares, 47 anos, de origem cabo-verdiana, mas emigrado em França, era mais um condutor a fiscalizar, regressando ao nosso país, onde morava, na primeira viagem que fazia com o seu carro acabado de comprar. Isto até um dos soldados se aperceber de qualquer coisa de anormal com a sua carta de condução", seriam 5.50 horas. "Era uma carta falsa", confirmou, ao JN, o major Lourenço da Silva, da Brigada de Trânsito (BT) da GNR.

De acordo com o oficial, o condutor foi detido e conduzido ao posto de Elvas. "Foi elaborado um auto de notícia pela infracção e o condutor notificado para comparecer no dia seguinte, às 10 horas, no Tribunal de Elvas", disse o oficial. O procedimento [ver caixa] decorre principalmente das alterações introduzidas recentemente no Código de Processo Penal.

Mulher ao volante

A família Tavares deixou o posto da GNR cerca das 7.40 horas. Ao volante, segundo fonte policial garantiu ao JN, ia a mulher de Jorge, que era detentora de uma carta de condução legal. Percorreram os cerca de dois quilómetros que separavam o posto da entrada da A6 (Marateca-Elvas) e seguiram viagem em direcção à sua casa, em Arrentela, no Seixal.

Algures no percurso entre o posto e o quilómetro 25 da A6, onde ocorreu a tragédia, Jorge terá de novo tomado conta do volante da viatura. Às 9.30 horas, perdeu o controlo do Renault Laguna a gasóleo, que comprara em Marselha para a viagem. O carro saiu da estrada, furou a vedação de um viaduto e, depois de um "voo" de cerca de 200 metros, capotou várias vezes . Quatro dos cinco ocupantes foram cuspidos da viatura. Além de Jorge Tavares, tiveram morte imediata dois dos filhos do casal, Tiago de 16 e Hélder de 8 anos. O terceiro rapaz, Gonçalo de 11 anos, também projectado, sofreu traumatismos graves, tendo sido transportado para a unidade de cuidados intensivos do Hospital de Santa Marta, em Lisboa, onde ainda se encontra. A sua mulher, Maria Fernanda, de 45 anos, ficou presa pelo cinto de segurança no lugar do pendura. Continua internada no Hospital Garcia de Horta. O rapaz é quem apresenta um quadro clínico mais preocupante, mas, ainda assim, mãe e filho estão livres de perigo.

No dia do acidente, nenhum dos agentes de autoridade contactados pelo JN quis arriscar uma explicação para o sucedido. Na estrada, não eram visíveis quaisquer marcas de travagem.

Ao cansaço, como justificação para o misterioso acidente, junta-se agora a eventual falta de formação técnica do condutor.

Jornal de Notícias, 07.02.2008

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Todos os anos são detectados 10.000 casos de condutores sem carta de condução.

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