.
É óbvio que uma paragem de todos os veículos redundaria no nível zero de acidentes mas será que tal é socialmente viável ?
É preciso ter a noção de que, num país como o nosso, baixar a velocidade média de circulação, por hipótese, de 60 para 50 km/h corresponde a desperdiçar mais 14 milhões de dias/homem por ano dentro dos veículos que podem ser avaliados em cerca de 550 milhões de euros.
Esses milhões de dias/homem que não serão usados para trabalhar, ou estudar, ou acompanhar idosos e filhos, ou para ler, têm um custo social enorme. Os projectos que não se realizam, os médicos que não se formam, os filhos que não têm o acompanhamento devido podem, inclusivamente, custar muitas vidas humanas.
Curiosamente ninguém estuda estas consequências. Os "especialistas" sabem na ponta da língua quais as consequências de chocar contra uma parede a 80 em vez de 50 km/h mas não nos sabem dizer quais são as consequências sociais de todos andarmos mais devagar. Argumentam como se esse preço social não existisse e o problema do acidentes fosse um mero exercício de mecânica. Como se todos os desenvolvimentos tecnológicos dos transportes que criaram a nossa civilização tivessem sido meros diletantismos.
O objectivo das políticas de prevenção não deverá portanto ser "zero acidentes a qualquer custo" mas sim a máxima mobilidade dentro de níveis aceitáveis de sinistralidade. O objectivo não é levar todos a andar mais devagar mas sim criar condições para que todos andem mais depressa com menos riscos.
quinta-feira, 31 de janeiro de 2008
Qual deve ser o objectivo da prevenção ?
Publicada por F. Penim Redondo às 23:49
Etiquetas: Eficácia dos limites de velocidade, Justificação económica dos radares, Prevenção Rodoviária
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
6 comentários:
Curioso que todas essas suas considerações sobre os custos socias. Considerando que os paises mais restritivos em materia de velocidades são igualmente os paises mais desenvolvidos da Europa é de estranhar...ou talvez não...
Estas suas considerações fazem todo o sentido para alguém que nunca experimentou outras realidades para além da Portuguesa, considerando o que já disse aqui neste blog que já viajou por outros paises e portanto conhece outras realidades presumo que seja uma questao de teimosia ou então de pura ignorancia.
deixo-lhe aqui uma pergunta para a sua consideração:
Como é que os paises que já tem em prática as medidas que se querem implementar em Portugal (radares, menores velocidades, Alta repreção para quem não cumpre as regras) estão todos á frente de Portugal em termos de desenvolvimento e de ano para ano se distanciam máis? Não esquecer que os trabalhadores Portugueses apenas têm em média uma produtividade de perto de 70% dos trabalhadores do norte da Europa. Não acha que isto tem muito mais consequencias sociais?
O Brasil tem uma rede imensa de radares e também uma enorme sinistralidade. Não se pode dizer que seja um país desenvolvido.
Os países do Norte da Europa que enriqueceram muito antes de existirem limites de velocidade, à custa dos recursos de África e das Américas, estão em regressão populacional e perdem influência a nível mundial.
Talvez porque vivem dos rendimentos e, à falta de perspectivas de futuro, se refugiaram nos exageros securitários entre os quais os limites de velocidade.
Não obstante é na Suécia e na Alemanha e no UK que se produzem dos carros mais potentes e rápidos do mundo. Para que será ?
Para os pacóvios do Sul se matarem na estrada.
Essas considerações sobre a riquesa influência dos paises do norte não são verdadeiras. Os paises onde hoje existe uma melhor qualidade de vida á menos de um seculo estavam muito atrás de Portugal em termos de desenvolvimento, os modelos económicos seguidos pemitiram a um conjunto de paises (onde a Alemanha é um caso completamente separado) evoluir e tornar-se potencias socias (para mim a qualidade de vida é mais importante do que a "influencia").
Este paises já passaram por todas as discussões de velocidade x perda de horas de trabalho x produtividade x acidentes, etc. que eu não consigo compreeder é o porquê de não olhar-mos para os bons exemplos e continuar-mos a fazer desculpas atrás de desculpas.
Na Holanda (onde passo a maior parte do meu tempo) muitas partes de auto estrada tem limite de 80, zonas escolares 30, dentro da cidade tudo a 50. As multas são muito pesadas para os infratores e no entanto apesar de se demorar mais tempo do ponto A ao ponto B os pais passam mais tempo com os filhos do que em Portugal e normalmente trabaham menos horas. A grande diferença é que a maioria dos trabalhores aqui que trabalham 4 dias por semana produzem mais do que a maioria dos trabalhadores Portugueses que trabalham 5 dias + horas estraordinarias.
Aumentar (ou manter)os limtes de velicidade para valores elevados ara as pessoas não perderem tanto tempo "produtivo" é tapar o sol com a peneira.
A verdade é que aqui existem muito menos acidentes graves do que em Portugal e a o trafego é muito superior em quantidade. Enquanto que para um Portugues 5km de fila é quase o fim do mundo aqui 10 a 15km é perfeitamente normal.
E ao contrario do que diz os paises do norte da Europa cada vez têm mais influencia e população (a média do numero de filhos passa os 3 por casal) e cada vez mais instituilções de investigação abandonam os paises do sul para se colocarem no norte da Europa (incluindo instituições que á alguns anos atrás apostaram na India e Asia).
Veja a lista com os indicadores de qualidade de vida(que é isso que realmente importa), veja onde está Portugal e onde estao os paises do norte da europa...
Caro "na Holanda"
concerteza não nos quer fazer crer que os países nórdicos enriqueceram por terem limitado as velocidades.
Também não nos vai querer convercer, certamente, de que o atraso de Portugal se resolve quando imitarmos as regras de trânsito da Holanda.
As regras de trânsito, bem como as práticas, são consequências e não causas de desenvolvimento económico-social.
Não faz sentido começar por aí.
Definitivamente estar a falar consigo é como estar a falar para uma parede. Volte a ler o meu comentário e não me atribua comentários que eu não fiz.
"As regras de trânsito, bem como as práticas, são consequências e não causas de desenvolvimento económico-social." concordo completamete com esta afirmação dai ter dito: "Aumentar (ou manter)os limtes de velicidade para valores elevados para as pessoas não perderem tanto tempo "produtivo" é tapar o sol com a peneira.". O Sr. é que está constantemente a dizer (perdão, a escrever) que reduzir os limites de velocidade trás grandes percas sociais, ora oque eu lhe expliquei foi que isso não é necessariamente verdade, nem faz muito sentido pensar nos limites de velocidade em função destes argumentos. Aprenda a ler...faz bem (principalmente quando se tem um blog)
Enviar um comentário