terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Safespeed

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Desenvolver uma ferramenta de apoio à definição dos limites de velocidade adequados a cada ambiente rodoviário (urbano, suburbano, rural) e soluções integradas de traçado capazes de reduzir o número de acidentes rodoviários nas estradas portuguesas são os objectivos centrais do projecto, em curso, SafeSpeed – Estratégias de gestão da velocidade: um instrumento para a implementação de soluções de gestão rodoviária seguras e eficientes.

O projecto – que reúne oito investigadores das Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) e de Engenharia do Porto (FEUP) e da Universidade do Minho, apoiados por alunos de Doutoramento, e é financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) – desenvolve-se em três fases essenciais: a primeira (a decorrer), consiste no desenvolvimento de um modelo macro capaz de explicar os acidentes rodoviários, tendo por base um conjunto de variáveis explicativas (entre as quais a velocidade) e os dados de sinistralidade nacional.A segunda etapa do SafeSpeed, que tem a colaboração da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária, passa por perceber os efeitos que um conjunto alargado de factores (ambiente rodoviário; factores humanos; condições de tráfego; tipologia dos cruzamentos, etc.) assume na velocidade seleccionada pelos condutores. Desta fase resultará um modelo capaz de estimar, para cada situação, a velocidade expectável face às características da estrada e do seu ambiente envolvente.Por último, será desenvolvido um modelo informático de apoio à decisão para gestão de velocidade num qualquer itinerário rodoviário, apoiando a definição da velocidade legal mais adequada a cada caso, tendo por base não só as características gerais da estrada, mas também a eventual presença de utilizadores vulneráveis.O resultado final passa ainda pela criação, para cada velocidade legal, de soluções capazes de induzir naturalmente o condutor a adoptar comportamentos compatíveis com o ambiente rodoviário que atravessa.

Isso será conseguido através da utilização de medidas de acalmia de tráfego que podem passar, por exemplo, pela implantação de rotundas, gincanas, alteração de pavimentos, ou reforço da iluminação pública. Estas medidas actuam, quer fisicamente, quer por coação psicológica sobre o condutor impedindo-o de adoptar comportamentos desajustados à velocidade pretendida.A adopção de diferentes limites de velocidade e a implementação de condições de circulação específicas “é uma necessidade imperiosa porque em Portugal não há critérios técnicos para estabelecer os limites de velocidade" – sendo possível identificar situações completamente desajustadas à realidade.


Alteração de limites
"Devido à dinâmica do ordenamento do território haverá ambientes rodoviários onde se justifica a alteração dos limites legais actualmente impostos”, afirmam os investigadores.O SafeSpeeds é um estudo de extrema complexidade porque “trata-se da alteração radical do actual paradigma dos traçados das estradas portuguesas”, explica Ana Bastos. A investigadora da FCTUC assinala ainda que "até à década de 90, o traçado das estradas assentava essencialmente em preocupações de garantia de velocidades e níveis de serviço elevados. Desde então, a comunidade internacional valoriza, cada vez mais, a capacidade de adaptar os traçados das estradas às exigências e actividades urbanas locais".Os resultados dirigem-se particularmente ao tratamento de estradas nacionais e regionais com atravessamento sistemático de localidades, devendo os investigadores recorrer a diversas ferramentas entre as quais: um veículo instrumentado provido de sensores, sistemas GPS e vídeo, um simulador de tráfego em laboratório e radares fixos e móveis.

Publicado em Ciência Hoje , 19.01.2009

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Já não é sem tempo que a prevenção se começa a basear em critérios fundamentados e de base científica em vez do fundamentalismo ideológico até agora vigente.

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