quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Mulher atropelada a comprar pão por jovem que olhava para o GPS


Manhã trágica junto à Ponte da Portela, em Coimbra. Celeste Jesus Mendes, de 71 anos, preparava-se para receber o troco do pão, junto ao passeio da Estrada da Beira onde estava estacionada a carrinha do padeiro ambulante, quando foi abalroada mortalmente por um ligeiro de mercadorias. O condutor da viatura contou a um colega que estava a olhar para o GPS para ver a morada da próxima entrega.

O acidente aconteceu às 11.19 numa zona de casario junto à Estrada da Beira que regista sempre tráfego intenso. Há poucos anos foi colocado um rail de protecção junto ao passeio que ladeia algumas habitações, mas a vizinhança não se recorda de nada assim. Celeste Mendes foi colhida pelo ligeiro de mercadorias, arrastada e acabou por ser atingida por pedras de uma casa que ruiu parcialmente na sequência do despiste.

O padeiro, Joaquim Duarte, de 62 anos, não ganhou para o susto. "Hoje ganhei o dia e a vida!", desabafava ao DN. É que apesar da proximidade com a sua cliente de todos os dias, escapou ileso, apenas com um corte ligeiro numa das mãos.

O dono da habitação que susteve a trajectória da carrinha, António Sacramento, de 84 anos, estava sentado no sofá quando se deu o acidente. Ouviu o estrondo e quis sair de casa, mas a porta estava bloqueada. "Foram os bombeiros que me tiraram de casa, depois de escorarem a parede. Quando vi uma pessoa morta, pensei que tinha perdido a minha neta que agora vive comigo…", diz emocionado. Mas a neta Joana Costa chegou poucos minutos após o acidente. "Fui às compras, sempre tive receio de estacionar o meu carro nesta curva, mas felizmente não estava aqui na hora do despiste", relata ao DN.

Ao que o DN apurou, o condutor do veículo, um jovem de 20 anos, natural da Urgeiriça, Nelas (Viseu), telefonou, de imediato, para um colega da empresa de Oliveirinha (Carregal do Sal/Viseu) a contar o sucedido. "Ele estava em estado de choque, disse-me que ia a olhar para o GPS para ver a morada da próxima entrega de mercadoria [distribuição de expositores], viu uma senhora, travou e a carrinha deslizou", contou José Nascimento, que fez questão de se deslocar a Coimbra em auxílio do colega.

Inconsoláveis estavam os filhos da vítima, que enviuvou muito nova, e que criara os três filhos (dois rapazes e uma rapariga) com algum sacrifício. Ontem, um deles, que mora em casa da mãe, ouviu um estrondo. Celestino Filipe Mendes Silva acorreu de imediato ao local do acidente. Em choque, apenas conseguia dizer que aquela curva "é local de acidentes".

De facto, ao DN fonte da PSP de Coimbra confirmou o local como "zona habitual de sinistros", embora sem a gravidade do acidente de ontem. "É uma descida, depois tem uma ligeira curva e basta chover e existir óleo no piso para sucederem acidentes", disse a fonte.

DN, 10 de Janeiro 2007

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Pois é, como estamos fartos de dizer as distracções (juntamente com o adormecimento e as doenças súbitas) são a causa da maior parte dos acidentes.
Contra isso parece que a Estratégia Nacional de Segurança Rodoviária não tem muitas ideias.


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