sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Obra da ferrovia para porto já "originou" 1329 multas

JN, 19.09.2008



O investimento do Estado na construção da linha férrea para o porto de Aveiro obteve um rápido retorno. Só que as receitas não vêm do transporte marítimo ou ferroviário, mas dos carros que abusam da velocidade na A25.

Em causa está um troço do antigo IP5 com um quilómetro, já na zona de Aveiro, que está condicionado devido à construção da ferrovia (que acompanha o traçado da A25), cuja conclusão está prevista para 2009. A velocidade máxima permitida entre o quilómetro 9,6 e 10,6, no sentido Viseu-Aveiro, foi reduzida de 120 para 80 km/h. Resultado: desde o início deste ano, a Brigada de Trânsito (BT) da GNR já detectou "1329 veículos em excesso de velocidade", revelou o responsável da BT em Aveiro, capitão José Machado.

O comandante distrital da BT adianta que só foram registados os veículos que circulavam 30 km/h acima do permitido. Ou seja, dos 81661 carros controlados este ano pelos radares no referido quilómetro, apenas vão ser autuados os que circulavam a mais de 110 km/h. Esta tolerância de 30 km/h é uma prática que a BT de Aveiro "estende a toda a área que controla, mas isso não significa que não possamos multar quem circule a 5 ou 10 km/h acima do permitido", realça.

José Machado rejeita a "caça à multa", "se assim fosse não haveria qualquer tolerância", argumenta, preferindo enquadrar a acção da BT na área da prevenção. "O ideal seria não termos qualquer registo de excesso de velocidade. Isso significaria que os condutores cumpririam a regras e se assim fosse certamente que haveria menos acidentes", assegura, antes de lembrar que "o excesso de velocidade é a principal causa de acidentes em Aveiro".

A presença frequente da BT no troço condicionado pela ferrovia deve-se ao facto da via ter ficado mais estreita devido às obras da linha férrea. José Machado lembra o acidente mortal, ocorrido na referida zona, que vitimou uma mulher. A BT está todas as semanas no troço em causa, "de dia ou de noite, com ou sem radar, com carros caracterizados e descaracterizados, umas vezes visíveis outras vezes não", confirma o capitão. "Queremos que as pessoas sintam a nossa presença numa zona potencialmente perigosa devido às obras", justifica.

Mesmo não tendo, como diz José Machado, o objectivo de procurar a multa, o certo é que muitos automobilistas já sentiram na carteira o efeito de terem andado acima da lei. E fazendo as contas por baixo, tendo por base a multa mínima (120 euros), o Estado já arrecadou ou vai arrecadar cerca de 160 mil euros (mais de 32 mil contos em dinheiro antigo) em oito meses. Um valor que será sempre superior porque muitos condutores já foram controlados na casa dos 180 km/h, uma infracção considerada muito grave, que prevê uma multa de 500 a 2500 euros.

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