domingo, 18 de outubro de 2009

Por hora morrem quatro portugueses com enfarte ou AVC

Diário de Notícias
18.10.2009




A cada 60 minutos, morrem quatro pessoas com uma doença cardiovascular em Portugal. O cancro é a segunda maior causa de morte no País, matando três portugueses por hora. Os números do Instituto Nacional de Estatística (INE), agora revelados, referem que morreram 104 mil pessoas em 2008 e consolidam a tendência que se vem sentido nos últimos anos: os mortos por cancro estão a crescer e os enfartes e os acidentes vasculares cerebrais (AVC) a diminuir.
As dramáticas estatísticas não surpreendem os especialistas. Rui Ferreira, coordenador das doenças cardiovasculares, afirmou ao DN que os números são ainda elevadíssimos mas espelham uma "redução progressiva da mortalidade" associada ao aparelho circulatório. "Se agora temos 33 mil mortes, em 2005 tínhamos mais de 36 mil." Recuando a 2002 e 2003, a contabilidade era ainda mais negra: cerca de 40 mil óbitos anuais. Ou seja, 109 por dia, entre quatro a cinco por hora. Há mais mulheres do que homens a morrer de doença do aparelho circulatória. No cancro, a proporção é inversa.
Se o cancro e as doenças cardiovasculares mataram mais de metade dos portugueses, as patologias respiratórias surgiram logo depois, com 11 mil mortes, seguindo-se as do aparelho digestivo (4500) e as diabetes com 429 vítimas. Acidentes, envenenamentos e violências estiveram na origem da morte de outras 4500.
O facto de as doenças cardiovasculares surgirem como a principal causa de morte era expectável, diz Rui Ferreira, uma vez que assim tem sido no passado. A falta de actividade física regular, a má alimentação e o tabaco são os principais factores de risco.
Uma caminhada diária poderia evitar que 50 mil portugueses desenvolvessem uma doença destas. Nem seria necessária a prática intensiva de desporto, mas apenas uma actividade física regular, que pode ser lavar o carro ou até ir às compras. "Algo muito difícil de cumprir nos meios urbanos", reconhece Rui Ferreira, sublinhando que estes são os problemas dos países ocidentais.
O surgimento de melhores terapêuticas para o colesterol e de novas formas de tratar os acidentes vasculares cerebrais e os enfartes ajudam a explicar a tendência de redução da mortalidade associada a estas doenças, explica Rui Ferreira. Mas também a melhor prevenção que advém de uma maior informação e sensibilização da população, que tende a alimentar-se melhor, a preocupar-se mais com a saúde e a fumar menos.
"Há um melhor controlo da hipertensão arterial. E as campanhas antitabágicas também são responsáveis por esta evolução."
Além de a mortalidade tender a diminuir, acrescenta o especialista, atrasa-se também o surgimento destes problemas. "Com o aumento da esperança de vida, estas situações surgem mais tarde. O que também é significativo, pois uma coisa é ter um AVC aos 50 anos, e outra aos 80". Até em termos sociais e económicos.
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Muitos deles estarão ao volante e depois a causa do acidente é contabilizada como excesso de velocidade
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