terça-feira, 27 de outubro de 2009

Presas 50 pessoas por mês por não pagarem multas

Diário de Notícias
27.10.2009


Observatório da Justiça revela que muitas das pessoas condenadas a multas, sobretudo por crimes rodoviários, como excesso de álcool no sangue, não cumprem o pagamento e acabam presas
Enquanto os grandes processos de fraude fiscal se arrastam nos tribunais, um cidadão que não pague uma multa a que foi condenado pelo tribunal - na maioria dos casos relacionada com infracções rodoviárias, como excesso de álccool no sangue -, na certa, vai para a cadeia. Todos os meses, segundo o Observatório Permanente da Justiça (OPJ) são presas 50 pessoas nesta situação.
São pessoas que não pagam as multas a que foram condenadas, seja por crimes rodoviários ou outros de menor gravidade, como injúrias. Como não pagam - e a crise económica pode explicar o aumento de casos -, a sentença passa a ser o cumprimento dos dias de multa em prisão efectiva, que pode atingir, no máximo, 360 dias. "O sistema de justiça, incluindo o sistema punitivo, parece, assim, agravar a sua tendência para se bipolarizar entre um sistema para ricos e um sistema para pobres", diz o relatório de monitorização à reforma penal de 2007.
O OJP chama a atenção para este aspecto do sistema judicial, uma vez que o mínimo do valor que pode ser aplicado à multa diária subiu de um para cinco euros (o máximo diário é 500 euros). Segundo depoimentos recolhidos pelo Observatório, a medida "não atende às reais condições socioeconómicas de muitos dos condenados nesta pena, podendo potenciar o crescimento de penas de prisão efectivas de curta duração". O que já se verifica: 30% dos reclusos das cadeias portuguesas estão a cumprir pequenas penas, sobretudo ligados a crimes rodoviários.
Quanto ao resto da população prisional, o relatório confirma uma percepção comum: é nos crimes contra a propriedade que a pena de prisão efectiva é mais aplicada.
"A principal diferença a registar é que, enquanto que no período antes da reforma o tipo de crime que se seguia era o respeitante a estupefacientes e substâncias psicotrópicas, no período pós reforma o segundo tipo de crime a que a pena de prisão efectiva é mais aplicada é os crimes contra as seguranças nas comunicações, com um aumento de condenações, em média mensal de 39 para 53", lê-se no documento. Para os investigadores, o "elevado número de reclusos em estabelecimento prisional para cumprir pena de prisão efectiva por crimes rodoviários faz aumentar, contra os objectivos da lei, a aplicação de penas de prisão de curta duração".
No que diz respeito à aplicação de penas, o observatório detectou ainda uma "perversidade" que tem ocorrido no sistema. Trata-se de um aumento do número de condenações por cinco anos e alguns meses. Onde está o problema? Segundo a lei, um juiz ao decretar uma pena até cinco anos, tem que fundamentar por que razão não a suspende. "Foi-nos referido uma prática de condenações em penas de prisão de 5 anos e poucos meses, em que os poucos meses apenas teriam como objectivo evitar a fundamentação pela não suspensão da execução da pena de prisão". O documento termina com recomendações ao poder legislativo e com certeza de ter encontrado "vários casos emblemáticos de resistência" à mudança.
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sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Mais de 600 pessoas morreram em acidentes na estrada desde início do ano

IOnline
23.10.2008


Mais de 600 pessoas morreram nas estradas portuguesas desde o início do ano, número idêntico a igual período de 2008, segundo a Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR).
Dados disponíveis na página da Internet da ANSR indicam que entre 1 de Janeiro e 21 de Outubro morreram 603 portugueses em acidentes rodoviários, menos um morto que em igual período do ano passado, quando faleceram 604.
De acordo com a ANPC, os feridos graves também desceram ligeiramente. Desde o início do ano registaram-se 2051 feridos graves, enquanto no mesmo período de 2008 ficaram gravemente feridas 2057 pessoas.
Por sua vez, entre 1 de Janeiro e 21 de Outubro 33822 pessoas ficaram ligeiramente feridas nas estradas portuguesas, o que significa um aumento de 1047 face ao mesmo período do ano passado, segundo os dados da ANPC.
Santarém foi o distrito que registou maior número de mortos (62), seguido do Porto (60) e de Lisboa (59).
Os distritos com menos vítimas mortais nas estradas portuguesas são Vila Real e Portalegre, com nove mortos.
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Nos hospitais, por erro ou por incúria, morreram mais do que na estrada.
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domingo, 18 de outubro de 2009

Por hora morrem quatro portugueses com enfarte ou AVC

Diário de Notícias
18.10.2009




A cada 60 minutos, morrem quatro pessoas com uma doença cardiovascular em Portugal. O cancro é a segunda maior causa de morte no País, matando três portugueses por hora. Os números do Instituto Nacional de Estatística (INE), agora revelados, referem que morreram 104 mil pessoas em 2008 e consolidam a tendência que se vem sentido nos últimos anos: os mortos por cancro estão a crescer e os enfartes e os acidentes vasculares cerebrais (AVC) a diminuir.
As dramáticas estatísticas não surpreendem os especialistas. Rui Ferreira, coordenador das doenças cardiovasculares, afirmou ao DN que os números são ainda elevadíssimos mas espelham uma "redução progressiva da mortalidade" associada ao aparelho circulatório. "Se agora temos 33 mil mortes, em 2005 tínhamos mais de 36 mil." Recuando a 2002 e 2003, a contabilidade era ainda mais negra: cerca de 40 mil óbitos anuais. Ou seja, 109 por dia, entre quatro a cinco por hora. Há mais mulheres do que homens a morrer de doença do aparelho circulatória. No cancro, a proporção é inversa.
Se o cancro e as doenças cardiovasculares mataram mais de metade dos portugueses, as patologias respiratórias surgiram logo depois, com 11 mil mortes, seguindo-se as do aparelho digestivo (4500) e as diabetes com 429 vítimas. Acidentes, envenenamentos e violências estiveram na origem da morte de outras 4500.
O facto de as doenças cardiovasculares surgirem como a principal causa de morte era expectável, diz Rui Ferreira, uma vez que assim tem sido no passado. A falta de actividade física regular, a má alimentação e o tabaco são os principais factores de risco.
Uma caminhada diária poderia evitar que 50 mil portugueses desenvolvessem uma doença destas. Nem seria necessária a prática intensiva de desporto, mas apenas uma actividade física regular, que pode ser lavar o carro ou até ir às compras. "Algo muito difícil de cumprir nos meios urbanos", reconhece Rui Ferreira, sublinhando que estes são os problemas dos países ocidentais.
O surgimento de melhores terapêuticas para o colesterol e de novas formas de tratar os acidentes vasculares cerebrais e os enfartes ajudam a explicar a tendência de redução da mortalidade associada a estas doenças, explica Rui Ferreira. Mas também a melhor prevenção que advém de uma maior informação e sensibilização da população, que tende a alimentar-se melhor, a preocupar-se mais com a saúde e a fumar menos.
"Há um melhor controlo da hipertensão arterial. E as campanhas antitabágicas também são responsáveis por esta evolução."
Além de a mortalidade tender a diminuir, acrescenta o especialista, atrasa-se também o surgimento destes problemas. "Com o aumento da esperança de vida, estas situações surgem mais tarde. O que também é significativo, pois uma coisa é ter um AVC aos 50 anos, e outra aos 80". Até em termos sociais e económicos.
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Muitos deles estarão ao volante e depois a causa do acidente é contabilizada como excesso de velocidade
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